Favela faz máscaras para dar e vender também em Salvador

Susane Silva fabrica entre 100 e 500 máscaras semanais - Divulgação

“Sempre trabalhei com produção de artesanato, reforma de roupas, pintura em tecido, serigrafia; em alguns momentos, os trabalhos eram feitos de maneira independente, em outros existia contrato formal, ou encomenda que me dava garantia de renda por um período maior. Mas nunca tinha feito máscara, nem para uso pessoal, e não imaginava que seria minha fonte de renda, principalmente num cenário de crise que assola a sociedade, e de que também fui vitima ficando desempregada quando começaram as medidas de distanciamento social”. A longa reflexão é de Susane Silva, de 46 anos, artesã, idealizadora da grife As Pretinhas, mãe de 4 filhos e moradora no Bairro da Paz, na periferia de Salvador. Atualmente criou com seu esposo a confecção: S & D- Costura Criativa.

Assim como Susane, muita gente aproveita a pandemia para uma renda extra, ou até mesmo para manter a casa com apenas a fabricação de máscaras. Ela conta com o suporte do marido e uma das suas filhas, para atender à demanda de 100 a 500 máscaras semanais encomendadas por pessoas e empresas.

Se reinventar virou a palavra de ordem nesse período de crise, principalmente diante de um cenário que não sugere novidade e muita gente está fazendo máscaras. Susane não se incomoda, diz que o mercado está aberto a todos e quem tem melhor atendimento e produto de qualidade sempre terá encomenda, sem falar na divulgação boca a boca também é importante na valorização do trabalho.

Paralelamente a essa produção comercial, Susane também doa parte do que produz a instituições, projetos sociais e pessoas que não têm condições de comprar. É gratificante, ela admite, porque a crise é também emocional; afinal, muitas pessoas estão tristes, sem esperança e um gesto solidário pode contribuir bastante para alegrar o dia de alguém.

Mas a arte da costura não é apenas para as mulheres. Lucas Felipe, morador da Cidade Baixa, em Salvador, ficou desempregado na pandemia e viu no conhecimento de bordado e costura a oportunidade para fazer máscaras, que divulga no Instagram @pilãobordados.

Lucas Felipe, produzindo máscara. Crédito: Arquivo Pessoal

Gilma dos Santos é moradora de Vilas de Abrantes e embora tenha máquina de costura e curso de costureira não estava costurando. Mas a pandemia a levou a confeccionar máscaras manualmente para os idosos da igreja, e para os atendidos pelo sopão. Atualmente confecciona máscaras personalizadas divulgadas pela página @sunamita_diversos e viu neste segmento uma saída para ajudar na renda.

Gilma dos Santos, processo de fabricação de máscaras. Crédito: Arquivo Pessoal

Vale lembrar que a máscara, mesmo artesanal, somada à lavagem correta e constante das mãos com água e sabão, e ou álcool em gel, é a melhor prevenção ao contágio do novo coronavírus até surgir a vacina ou um remédio eficaz testado e aprovado pelos cientistas.