Um poema para a Acadêmicos de Vigário Geral

Como enviado especial de carnaval pela Agência de Notícias das Favelas (ANF), ao ver a Acadêmicos de Vigário Geral desfilar, me despi do papel de repórter e fui desfilar junto com os meus. Já que fui criado em Vigário, onde passei por muitas dificuldades mas e cresci como pessoa. Sou salgueirense, mas também nutro um enorme carinho por tudo que representa Vigário Geral, e no carnaval em plena Marquês de Sapucaí, não poderia ser diferente.

Ao fim do desfile, como de praxe, tive que registrar a minha presença neste desfile. Não apenas com fotos mas também com um poema que me fez estar conectado no presente com o meu passado em Vigário.

A terra batida
a batida de limão
a batida policial
deu lugar a batida
do tambor, retumbante:
amor, amor, amor

vem chuva
vem lavar nossa alma
vem abençoar este pedacinho
de Brasil que outrora chorou
a morte de teus filhos
hoje Vigário é luz, brilho
Geral, cante bem alto:
é samba, é carnaval

Caio Ferraz
poeta, sociólogo, nascido e criado na favela de Vigário Geral