Um diálogo aberto aos trabalhadores, aos pobres, às mulheres e à população negra

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Tenho andado muito triste, não somente por questões pessoais, mas principalmente porque estou com medo do discurso de ódio que tem se escancarado na população brasileira. A história brasileira foi escrita com o sangue, das indígenas, dos indígenas, das negras e dos negros e há somente 130 anos que tivemos a Abolição da Escravatura, eu sou a terceira geração dxs libertxs em minha família (todxs que leem esse desabafo, deverá (deveria) se espantar com esta informação) e dizer isso me traz lembranças doloridas de um passado terrível.

A mídia há muito vem contribuindo com a criação do clima do antipetismo, papel de uma emissora que sempre defendeu os interesses dos ricos. Confesso que o PT de fato trilhou caminhos que não foram os melhores, o que me fez não votar em seus candidatos nas eleições passadas, porém, não posso fechar os olhos e dizer que somente o PT foi corrupto. A corrupção faz parte da fundação do Brasil, do capitalismo. Também luto por um país sem corrupção, pois o dinheiro que deveria ir para a educação, saúde, habitação segurança pública etc., acaba indo para o bolso de alguns parlamentares, governadores, presidentes e ex-presidentes, isto é, roubam o nosso dinheiro. O problema é que a mídia conseguiu imprimir aos brasileiros que o problema da corrupção é o PT, seria maravilhoso se realmente fosse só este partido, pois resolveríamos muito rapidamente, a questão é que TODOS os partidos são corruptos, inclusive do candidato que se diz anticorrupção, uma vez que permaneceu em seu partido anterior até 2016, ano da sangria da lava-jato.

Outro ponto que tenho muito interesse em melhorar é a segurança pública, pois assim como muitxs, ando pelas ruas com medo de que tudo poderá me acontecer, inclusive levar um tiro na cabeça com as operações assassinas da polícia militar que vê em mim, moradora de favela, a sua inimiga. Não podemos coadunar com a fala de um candidato que diz que vai metralhar a Rocinha, pois muitxs moradorxs têm direito à vida; viver está garantido em lei. Nós, pobres, pretxs e faveladxs não somos o inimigo da nação. Precisamos ter um exército e uma polícia militar que o objetivo seja primar pela vida e não pela morte.

Por fim, embora gostaria de dizer muitas outras coisas, sou trabalhadora, filha de uma mulher guerreira que esteve nas lutas nos anos de 1980, cujo resultado foi assegurar vários direitos: de ir e vir, à educação, ao transporte, à moradia etc.etc., e um direito que talvez muitxs eleitorxs do candidato do ódio não saiba: de livre expressão, pois na ditadura não se pode expressar nada que seja contrário ao que o executivo propague. Querem tirar o nosso 13º salário, sim, o vice Mourão disse que vai retirar; querem diminuir a licença maternidade para um mês; querem acabar com as universidades públicas. Tudo isso é conquista nossa, muita gente foi presa, torturada e morreu na ditadura para que tenhamos esses direitos e agora um homem que usufrui inapropriadamente destes direitos (ele recebe há anos auxílio moradia) quer retirá-los. Não podemos deixar.

Vejam, não sou petista e no primeiro turno não votei no Haddad, declarei em redes sociais apoio ao Boulos, porém, no segundo turno apoio quem não quer retirar os nossos (inclusive os seus) direitos tão recentemente conquistas (há 30 anos), em quem quer ampliar a democracia. Não podemos apoiar quem acha bonito quebrar uma placa com o nome de uma mulher negra que foi assassinada pelo ódio, a Marielle Franco.

Tenho críticas? Sim. Mas o Haddad não tem um governo de retirada de direitos e tampouco elaborou um programa que visa excluir quem nele não votou. Por isso chamo você a pensar e repensar, não deposite o seu voto em quem sequer apresentou um programa de governo, vamos de Haddad e se necessário sairemos às ruas lutar por melhores condições de vida, a rua é nossa, ditadura nunca mais.