Todos são iguais perante a lei ou depende da epiderme?

Ministério Público do Trabalho conclui que trainee para negros é reparação histórica- Foto: Reprodução/Magalu

Nos últimos dias, algumas empresas como Magazine Luiza, Bayer e a P&G foram alvos de críticas por abrirem vagas para trainee e estágio exclusivamente para negros, que por anos vêm lutando para conquistar espaços e principalmente por igualdade. Conforme apontam especialistas de recursos humanos, a abertura de oportunidades apenas para pretos se tornou tendência, o que pode, futuramente, levá-los com mais facilidade a cargos de chefia e fazendo uma reparação histórica.

O Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) indeferiu 11 denúncias contra o grupo Magazine Luiza. A empresa foi acusada de promover “prática de racismo” e, segundo um dos denunciantes, o motivo seria o impedimento a “pessoas que não tenham o tom de pele desejado pela empresa” de participarem do processo seletivo. Para o MPT, não houve violação trabalhista, mas sim uma ação afirmativa de reparação histórica

É nesse momento que fica nítido o incomodo da branquitude porque estão mexendo na sua zona de conforto, estão dando oportunidades para mais negros alcançarem espaços que até então só eram dados apenas aos brancos. Aos negros por exemplo, eram destinadas apenas as vagas para atividades ditas como inferiores, como serviços gerais ou auxiliar de cozinha. Nunca houve questionamento dos brancos justamente porque eles estavam acostumando sendo apenas eles.

Dívida histórica 

Depois de séculos, ainda é difícil para algumas pessoas entenderem os processos de reparação social. Os resquícios ainda estão impregnado na velha geração e se perpetuando nos discursos racistas recentes, que insistem em querer colocar o povo preto para baixo e invisível, em explanar que pouco se importam com processos de reparação, como as cotas nas universidades para negros. Só na década de 1930 que mulheres e negros tiveram direito ao voto e até hoje ainda percebe-se resistência na promoção de acesso a políticas de transferência e oportunidades para pessoas pretas.

É necessário ter conhecimento para entender esses movimentos, mas quando se trata de assuntos que incomodam os brancos, acredite que não vão se debruçar em livros ou parar e ouvir. Eles não vão querer que outros ocupem os mesmos espaços do que ele, não vão querer deixar de lado o privilégio que carregam consigo há anos. Eles estão com medo de que pretos se tornem líderes e que mudem a visão das próximas gerações.

Mudança de postura

Racismo reverso não existe. Racismo é um sistema de opressão construído a partir do século 16. É preciso colocar essas cartas na mesa e tornar explícito todas as discussões que ficaram invisíveis por anos. Importante incentivar que outras empresas continuem com atitudes de reparação, para que negros e mulheres tenham as oportunidades que lhe foram tiradas por milhares de anos, e que no futuro próximo essas práticas sejam lembradas com louvor.