Solidariedade: Baiana cria campanha de doações de bolsas de estudos

Rosi Alves - créditos: divulgação

Solidariedade e compromisso com a inclusão social, são alguns dos estímulos que a soteropolitana Rosi Alves, usou para criar uma campanha de doações de bolsas de estudo destinadas a concurseiros que são beneficiários do programa Bolsa Família em todo o Brasil. Ela nasceu e cresceu entre Paripe e Periperi, subúrbio Ferroviário de Salvador.

A iniciativa visa não apenas reconhecer a relevância da educação como agente transformador, mas procura reduzir as barreiras enfrentadas por muitos brasileiros para acessar oportunidades educacionais.

Ao direcionar o apoio aos que recebem o Bolsa Família, a campanha busca além de mitigar os desafios econômicos enfrentados por esses indivíduos, promover a igualdade de oportunidades, permitindo que superem obstáculos e busquem uma melhoria de vida por meio do acesso à educação e ao serviço público.

Confira a entrevista feita pela equipe da Agência de Notícias das Favelas, com a contadora Rosi Alves, Auditora na Controladoria Geral da União em Brasília.

Qual a motivação para criar a campanha de doações de bolsas de estudos para concurseiros beneficiários do Bolsa Família?

Como concurseira já queria ajudar pessoas em vulnerabilidade financeira, mas eu não tinha pensado no bolsa família especificamente. Coloquei no papel a ideia do projeto,  tudo o que eu queria fazer, o podcast, o conteúdo gratuito e eu queria fazer tudo de graça, o que para muitas pessoas pode parecer loucura, mas é uma vontade minha. Tem tanta gente vendendo coisas, e eu quando suburbana, quando não tinha recurso, ficava procurando coisa de graça de qualidade, é muito difícil garimpar. O que mais tem é vídeo de concurso que diz no final ‘para saber mais pague x, assine x. Eu queria conteúdo que tivesse início meio e fim e que a pessoa saísse dali com a sensação que foi preenchido sem pagar com isso. E além do podcast, criar uma campanha de doação de bolsa de estudo para pessoas. 

Como foi a escolha do público beneficiário?

Pensei qual vulnerabilidade vou chegar? e como sou sozinha, inicialmente, eu não tenho uma banca de identificação. Pensei, o bolsa família é uma coisa que o governo já faz esse filtro e o cadúnico é mais abrangente, então preferi ir pelo bolsa, pegar a camada mais baixa. Fiz visitas em casa de acolhimento e entendi mais ainda a necessidade dessas pessoas que procuram emprego numa empresa privada e não tem uma roupa para ir numa entrevista, não tem o conhecimento, elas não tem vocabulário suficiente que a empresa está pedindo. Pessoas egressas do sistema prisional não vão ser contratadas e não vão saber o porque não foram contratadas e o concurso público é a forma mais meritocrática de entrar no serviço público. Alinhando isso a necessidade e a forma como as pessoas são tratadas para obter uma renda, aí pensei que preciso de doação. Fui atrás dos cursinhos para ver se alguém doava. É uma situação difícil porque algumas pessoas aproveitam, aparecem, prometem coisas, mas isso foi aprendizado. 

Eu entro em contato com as pessoas inscritas para confirmar se são realmente do bolsa família, não peço informações sensíveis, nem CPF porque o portal da transparência já faz isso com nome completo da pessoa. Eu fiz conforme a Lei Geral de Proteção de Dados(LGPD) e o mínimo de informação possível. As vezes ela não é beneficiária mas a mãe é, e ela faz parte do núcleo familiar eu peço uma comprovação, só para comprovar que você faz parte desse núcleo familiar. Tudo isso sem acessar o sigilo da pessoa. Um ou outro que vou pedindo.

Na primeira edição da campanha, em 2023, você informou ter impactado pessoas de diversos estados. Como você avalia o alcance e a receptividade?

O que eu queria era chegar nessas pessoas, porque a maioria delas não são do bolsa família. As pessoas estão vendo o projeto. Eu sou desconhecida na rede social, eu estudando não podia ficar muito nas redes. Eu abri uma conta só para tirar dúvidas e essa conta virou o podconcurseiro. Tinha só 60 seguidores e hoje tem mais de 4 mil seguidores, conta Rosi Alves. Eu consegui as bolsas da primeira campanha, não precisou de sorteio. Tinham 25 pessoas inscritas. Aquelas empresas que falaram que ia doar alguma coisa na primeira campanha e não contribuíram, eu que contribuí para não frustrar as expectativas das pessoas. O projeto é todo financiado com meu trabalho. A segunda campanha teve 199 inscritos.

Como as instituições de ensino e as doações na Vaquinha Online têm contribuído para o sucesso da campanha?

Há alguma história inspiradora que gostaria de compartilhar sobre a colaboração recebida?

Eu aprendo todos os dias com eles. Exemplo, tinham três sem computadores e a campanha não era voltada para isso, era para materiais. Eu fiz uma enquete no grupos do WhatsApp, perguntando quem tinha computador, como eles eram ficaram tímidos devido a exposição de alguma forma, coloquei no Instagram e bem rápido conseguimos um computador para um aluno de Minas, a seguidora postou nos correios e chegou até o destino. Outro do Distrito Federal disponibilizou serviço de manutenção de computadores para o podconcurseiros. 

Como surgiu a ideia do podcast, PodConcurseiro, e como tem sido a resposta?

É mais um incentivo de entregar conteúdo de qualidade para todos. Eu não queria colocar o vídeo, entrevista para essas pessoas e sim para todo concurseiro, eu trago um X a mais. Tem entrevistas que nunca fizeram e que virou institucional do órgão. 

Além da campanha atual, existem planos para futuros projetos ou expansão do PodConcurseiro? 

Sempre campanhas, ele nasceu para isso. Não consigo dar datas pois está tudo embrionário. Não posso contar com os voluntários de forma fixa. 

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