Recife: Polo Hip Hop 2024 celebra presença de artistas locais na semana pré carnavalesca

Festival realizado pela Associação Metropolitana de Hip Hop acontece nesta quinta-feira (01), a partir das 18h, no Cais Alfândega, em Recife, com uma programação gratuita composta majoritariamente por artistas de Pernambuco. O evento é aberto ao público

Rap, DJ, Breaking, Grafite e Conhecimento. Todos os elementos que compõem a cultura Hip Hop estarão representados na semana pré-carnavalesca de Pernambuco.

O Polo Hip Hop 2024 celebra mais uma edição que contempla artistas veteranos e da nova geração com a presença de nomes como: Okado do Canal, Siba Puri, Márcio Rastaman, Rap de Afoitas, Mike MC, DJs Rena e KSB, Soulssegado Polho, Chama ZN, além da Jornada de MC’s, que, sob o comando de DJ Big, reúne jovens de diversos bairros em um duelo de ideias ao vivo.

Em sua 21ª edição, o Polo Hip Hop é realizado pela Associação Metropolitana do Hip Hop e A Cara Daqui Produções com patrocínio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife e da Secretaria de Cultura do Recife. O evento leva para as prévias da capital pernambucana, uma mostra da efervescente cena Hip Hop que é protagonizada por artistas que dialogam com as mais diversas vertentes da música popular nordestina. Para garantir maior acessibilidade, o Polo contará com equipe de tradução de libras.

“O Polo Hip já faz parte da tradição das prévias do Carnaval do Recife. A cada ano, o Festival se firma como uma importante vitrine para visibilizar o trabalho de jovens de várias quebradas do Estado que fazem a Cultura Hip Hop ser cada vez mais viva, revolucionária e estar em constante movimento”, pontua o coordenador geral da Associação, Dom Pablo. Com o tema, “Duas décadas de Memória, Resistência e Luta”, o evento é resultado do ativismo de grupos que historicamente reivindicaram um espaço no calendário da festa mais popular do Nordeste.

Rapper, ator, bboy e arte-educador, Okado do Canal é um dos talentos dessa cena e se apresenta no Polo Hip Hop 2024 ao lado do DJ Phino. O artista, que é morador da Favela do Canal, Zona Norte, iniciou sua trajetória aos 11 anos e destacou-se nacionalmente por suas habilidades nas batalhas de Breaking. É fundador do espaço cultural Ladobeco, que funciona em sua casa e onde oferece diversas oficinas para crianças e adolescentes, refletindo seu compromisso com a cultura e a educação. O MC apresenta músicas autorais de trabalhos como os EPs Quebra de sigilo (2015), Mudanças (2019), Preto mermo (2020) e do álbum Cada dia daria um Rap (2017).

A participação feminina também marca a programação do Festival que, em duas décadas de história, reconhece e valoriza a produção das mulheres do Rap. Indígena da etnia Puri, Siba Carvalho é uma das atrações confirmadas. Pernambucana, arte educadora e percussionista a cantora tem um trabalho conectado com espiritualidade, luta indígena, meio ambiente, e militância LGBTI+. O projeto Rap de Afoitas também marca presença reunindo as MC ‘s Fabidonas, Ranne Skull, Karol Colombiana, Mari Periférica, Flor de Pernambuco e Ayô. As cantoras, representantes da Zona Norte e Zona Sul do Recife, Camaragibe e São Lourenço da Mata, protagonizam o primeiro projeto de cypher pernambucano composto exclusivamente por mulheres e que tem a produção assinada pelo Pregando Rep PE.

Para o MC, DJ e articulador cultural, que foi um dos fundadores do lendário Faces do Subúrbio, o Polo Hip significa um lugar de empoderamento. “O lugar onde a voz e a vez da favela tem espaço. O Polo é importante para que a cena cresça e se desenvolva economicamente. Representa o exercício da cidadania, mostra as caras da favela, dos pretos, das pretas, todos, todas e todes, principalmente o povo da periferia”, pontua ele, que é coordenador financeiro da Associação. Tiger acredita que a consolidação do Festival serve de exemplo para toda cena, para que outros produtores/as também possam criar seus eventos e ocupar espaços políticos de reivindicação pela valorização da cultura Hip Hop. Neste sentido, ao longo do ano, a Associação Metropolitana prevê ações de fortalecimento da cena como a realização de formações e uma chamada pública para que novos integrantes ocupem a entidade.

A “africanidade da rima ao tambor” tem espaço garantido na programação deste ano. Marcio Rastaman é uma das atrações que também se apresenta no evento e leva para o palco as influências das religiões de matriz africana que se fundem aos beats e sonoridades do Rap. Outro veterano que também passa por lá é Mike MC, que iniciou sua trajetória em 2004 no grupo Gueto Psicodélico. Em 2010, migrou para carreira solo e de lá pra cá coleciona músicas autorais e videoclipes, além de participações em projetos de outros artistas locais.

Natural da comunidade do Areal, Jardim Fragoso, em Olinda, o promissor CHAMA ZN, de 21 anos, leva suas rimas para o palco do Polo Hip Hop. Conhecido pelas suas performances nas Batalhas de Rima, ele é o atual campeão da Jornada de MC’s, que também é uma das atrações do Festival. Desde 2005, o projeto coordenado pelo DJ, educador e articulador cultural, Big atua nas periferias da Região Metropolitana de Recife com um circuito anual de batalhas de rima e atividades que contribuem para a ascensão do movimento Hip Hop.

DJ Rena, do Alto Santa Terezinha, e DJ KSB, que já integrou o grupo Faces do Subúrbio, fazem a discotecagem da noite apresentando suas pesquisas musicais que passeiam pelas mais diversas vertentes do Rap. O dançarino Lula Dias assume o lugar de mestre de cerimônia do evento. Haverá ainda intervenção artística com a Família Carbonel Mangue Crew.