Quem vai limpar a sujeira da política?

Santinhos espalhados pelas ruas de Cidade Ademar, em São Paulo - Foto: Jacqueline Silva

Dia de eleição é sempre o mesmo cenário, ruas infestadas de papéis espalhados no chão. A regra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é que campanhas só podem ser feitas até às 22h do dia que antecede a eleição, incluindo a distribuição de materiais gráficos.

No entanto, quem espalha os chamados “santinhos”, folhetos de propaganda com informações de algum candidato, de santo não tem nada. Essas pessoas promovem este tipo de ação com a intenção de alcançar algum eleitor, ainda sem pretendente, no percurso de seu local de votação.

São milhares de papéis, com o rosto dos mesmos candidatos estampado. Papéis que são lançados nas ruas por quem está fazendo boca de urna. Prática essa que é crime se feita no dia da eleição. Mas quem daria as caras para ser preso? O jeito é jogar os “santinhos” aos montes nos arredores das zonas eleitorais.

Essa enxurrada de papéis, nem sempre são retirados no mesmo dia pela prefeitura, que, na maioria das vezes, faz um mutirão para a limpeza das ruas, tamanho o estrago que ocorre em algumas regiões. A ação não garante, porém, que esses panfletos entupam os bueiros. Fator que pode causar mais enchentes em épocas de chuvas, prejudicando, sobretudo, pessoas que vivem em regiões com saneamento precário, a quem, justamente, esses candidatos recorrem em épocas de eleição para pedir votos prometendo melhorias.

Tantas promessas relacionadas à despoluição de rios, tratamento de córregos, saneamento básico, coleta de lixo, que não fazem sentido nenhum. Assim como os panfletos, são palavras jogadas ao vento, por isso o eleitor precisa refletir sobre suas escolhas a todo momento.

Flagrante de sujeira provocada pela distribuição de santinhos – Foto: Jacqueline Silva

Você, que vota, fique atento, será que vale a pena escolher candidatos que antes mesmo de ganharem não manifestam nenhuma preocupação com questões básicas da cidade? Não olhe para o chão e pegue um candidato no lixo, para que a nossa cidade, estado e país não vá parar lá também.

Escolha bem, se nessa eleição não foi possível essa reflexão, a cada dois anos surge uma nova oportunidade de fazer diferente. Se informe, pesquise, não escolha na última hora e por quem é do contra. Não escolha extremismos ou pelo “voto útil” para combater outro candidato. Escolha por propostas reais, honestidade, integridade e afinidade. Nem todo candidato é corrupto, nem todos os políticos são iguais.

A sujeira das ruas é papel da prefeitura limpar, mas varrer a sujeira da política é nossa função, escolhendo pessoas melhores e mais conscientes para trabalhar por nós e para nós nesses quatro anos.

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