Quadrinistas estão se organizando como categoria profissional

Encontro regional do Coletivo Quadrinistas Uni-vos em São Paulo, para discutir a Lei Paulo Gustavo. Na foto, cada membro segura sua obra. | Créditos: Divulgação

Apesar dos quadrinhos serem muito consumidos no Brasil, as pessoas que criam essas obras ainda são pouco valorizadas. Por isso, querem se organizar como categoria profissional.

O Coletivo Quadrinistas Uni-Vos é composto por esses profissionais e teve seu nome inspirado no Manifesto Comunista de Karl Marx, que incentiva os trabalhadores a se unirem na luta de classes. O grupo se mobiliza na busca de melhores condições de trabalho para o segmento, pouco valorizado no país.

O movimento está organizado nacionalmente e regionalmente. Há representantes em todos os estados buscando se organizar como categoria, para abarcar com as necessidades e demandas da área.

Dentre as ações do grupo Quadrinistas Uni-Vos está a criação de zines distribuídos em eventos culturais, que conscientizam quadrinistas a lutarem pelos seus direitos. Os ativistas estão trabalhando em um manifesto que lista suas pautas, como a melhoria nas condições de trabalho, que necessita de material gráfico.

Gustavo Monlevad, do movimento pelos direitos dos quadrinistas.

Fazer quadrinhos raramente gera renda suficiente

Gustavo Monlevad, morador do Rio de Janeiro (RJ), comunicador social e cineasta, afirma ser quadrinista apenas nas horas vagas, pois, infelizmente, não há condições para criar em tempo integral no país. 

Monlevad conta que, atualmente, os quadrinistas, quando prestam serviço para a inciativa privada, diferente de outras categorias regulamentadas, só recebem meses após a publicação, mesmo que eles tenham demorado muito tempo para produzir.

Quando são artistas independentes, os quadrinistas enfrentam dificuldades para receber pelo seu produto. “Nesse segundo caso, inclusive, são lojistas de um produto só, o produto é a própria arte.”

Neste cenário, os quadrinistas acabam por não conseguir transformar as histórias em quadrinhos na renda principal. A luta por melhores condições de trabalho é para que essas pessoas consigam viver da profissão que escolheram.

Encontro remoto do coletivo Quadrinistas Uni-vos.

Lei Paulo Gustavo

O quadrinista esteve presente na recente Audiência Pública promovida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 18 de maio, para debater a Lei Paulo Gustavo.

Ao final do evento, foi aberto o microfone para as falas de representantes de movimentos culturais e, representando o Quadrinistas Uni-Vos, Gustavo reivindicou editais voltados para a área das histórias em quadrinhos.

Ele relata que geralmente os produtores de HQ acabam participando de editais voltados para outras formas de arte, principalmente literatura. O incentivo com verba pública é fundamental para que a criação dessas obras se torne realmente uma profissão no Brasil.