Projetos socioculturais se mobilizam para realizar Dia das Crianças no Rio

O fundador do "Coletivo Favela Vertical" Rafael, entrega kits de cartilha educacional sobre a Covid-19 para crianças do Gardênia Azul - Foto: Arquivo Pessoal

Com a pandemia, todos tiveram que parar ou mudar suas rotinas. Para as crianças, é mais difícil compreender o motivo de não poder ir à escola, conviver com os amigos e brincar. Mais difícil ainda é para as que moram em favelas e comunidades e convivem com a falta de saneamento básico, de lazer e de acesso à cultura.

O trabalho de projetos socioculturais em favelas cariocas busca levar conhecimento, cultura, arte e lazer para essas crianças. Com o Dia das Crianças se aproximando, esses grupos estão se mobilizando para proporcionar um pouco de diversão, alegria e amor em meio à pandemia.

Em Rio das Pedras, na zona oeste, os integrantes do projeto “Corrente do Bem” estão preparando atividades que evitam o contato entre as crianças e distribuição de kits com brinquedos e lanches. Idealizado por dois amigos, Luca Trombeta e Felipe Zagnolli, em 2017, o grupo tem o propósito de ajudar as pessoas da comunidade com doações de roupas e alimentos.

O projeto tem o apoio do “Semeando Amor” que também atua em Rio das Pedras com ações sociais. “Nosso maior objetivo é ajudar ao próximo, proporcionar momentos especiais e tentar minimizar a desigualdade social”, explica Rafaela Bittencourt, responsável pela organização das ações no projeto.

Pensando no resgate da infância em um ambiente de muitas vulnerabilidades nasceu o “Coletivo Favela Vertical”, na Gardênia Azul, zona oeste carioca. Fundado em 2019 por Rafael Oliveira que, através de uma experiência que teve em sua formação como produtor cultural, percebeu a necessidade de agir. “Eu entendi que era possível mudar as características da nossa favela, adentrar espaços que pudessem estimular os jovens a ter novas perspectivas de vida”, conta.

Com um ano de existência, será a primeira vez que o “Favela Vertical” fará uma grande ação para o Dia das Crianças. Durante quatro finais de semana serão catalogadas 600 crianças, 150 por final de semana. Elas receberão presentes, doces, brinquedos, máscaras infantis e um gibi sobre contos de heróis. “A gente entende o distanciamento, mas também entende o resgate histórico de uma necessidade de presença cultural, da característica de ter infância. Quando as crianças podem brincar, elas podem viver a infância”, comenta Rafael.

Na Cidade de Deus (CDD), o projeto “Ligação Cultural”, de Samantha Messiades, surgiu da vontade de fazer com que as crianças da comunidade tivessem outros tipos de vivência. A ação do Dia das Crianças do “Ligação” acontecerá no dia 25 de outubro, junto com a inauguração da brinquedoteca do projeto.

Para Samantha, essa ação é fundamental para as crianças da CDD que estiveram distantes das atividades culturais que sempre realizavam. “É um momento delas se divertirem, de interagir. Vai ser fundamental para elas se sentirem crianças novamente”.

Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative.

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