Produtor autodidata monta estúdio para formar jovens das periferias em beatmakers

Dree em estúdio de gravação. Foto: Vitor Vieira

Estúdio criado na Biblioteca Parque da Rocinha oferece aulas gratuitas para moradores

Cria da Baixada Fluminense, Marcelo Ítalo ou apenas Dree, de 26 anos é produtor musical e beatmaker, já realizou trabalhos com grandes artistas como: Djonga, Papatinho, Cachorro Magro, Start Rap, Matuê, Shadow entre outros. Foi acompanhando seus pais, que são DJs, tocando em eventos que o universo musical chegou até ele.  Aos 10 anos de idade, Dree descobriu o que queria para a sua vida.

Da Baixada Fluminense para o mundo

De Austin, em Nova Iguaçu, para o mundo. O jovem produtor já levou seus beats para Alemanha, França, Espanha, Portugal, Irlanda, Inglaterra, Holanda e Finlândia. Mas seu maior sonho além de viver da música era poder ensinar outros jovens das periferias. E foi pensando em formar novos beatmakers de dentro da maior favela do país, que Dree criou o projeto IBEATZ, que visa à inclusão social através da produção musical. O produtor conversou com a ANF e contou sobre o inicio da carreira e a criação do projeto. Confira:

ANF: Quando decidiu que queria investir na carreira de beatmaker e produtor musical?

Comecei a tocar com 7 anos e me interessar sobre produção musical com 10. Aos 13 anos produzi meu primeiro artista que foi um Mc de Funk do meu bairro e ganhei o meu primeiro dinheirinho com isso. Foi aí que fiquei mais ambicioso em aprender mais, porém só fui mesmo entender como profissão após os 15/16 anos.

ANF: Como o trabalho do beat/produção pode transformar uma música?

A música na verdade é sobre um instrumental e um vocal. O trabalho do beatmaker é encurtar o caminho de fazer um instrumental sem ter que existir uma banda. Sem o instrumental a música é apenas uma poesia.

ANF: Como você enxerga a cena musical, os beatmakers no Brasil?

O beatmaker ainda é muito sucateado na indústria, porém cada vez mais estamos ganhando espaço, notoriedade e voz para defender nossas posições, opiniões direitos. Estamos caminhando em uma boa direção e em breve todos saberão quem  foi que produziu aquele som que você ama do seu artista favorito.

ANF: A favela influencia na sua profissão e no trabalho que realiza hoje?

A favela é um lugar incrível, pois há muita vontade, mas na maioria das vezes não há tanta oportunidade então não teria lugar melhor para desenvolver um projeto como o IBEATZ para dar uma nova perspectiva de futuro a jovens e adultos de todas as idades.

ANF: Como surgiu o projeto IBeatz na Rocinha?

Tudo começou quando eu fui para Finlândia e conheci um espaço que oferecia um estúdio profissional de graça para as pessoas e o resultado disso era INÚMEROS ARTISTAS SENDO LANÇADOS E PROJETADOS AO SUCESSO. Eu achei aquilo incrível e quis fazer algo na mesma ideia. Eu já tinha ideia de fazer algo do tipo no meu bairro, mas foi lá que eu realmente vi em pratica como isso poderia acontecer é que era possível.

Não obtive êxito com o projeto no meu bairro, pois houve uma chuva de granizo que devastou a minha casa e a casa que aluguei com meus amigos para fazer o estúdio. Mesmo com as dificuldades eu não desisti do meu objetivo e apenas adiei para uma melhor oportunidade. Foi quando fui morar na Rocinha e conheci a Biblioteca Parque. Iniciei o projeto apenas com aulas e logo em seguida conseguimos através de patrocínio da OBV Global e Kuba Áudio o suficiente para construir um estúdio.

ANF: Como você acha que a música pode transformar a vida dos jovens da periferia, que buscam entrar para o mercado como beatkmaker ou produtor musical?

Quando você aprende sobre produção musical você não aprende sobre apenas uma qualidade dentro do mercado musical. Dessa forma você obtém várias alternativas de carreira dentro da industrial musical e isso é incrível, pois dessa forma conseguimos tirar a atenção dos jovens e adultos para coisas erradas e trazer pra uma nova perspectiva.

ANF: Musicalmente falando, como você vê a evolução do seu trabalho desde que iniciou?

Se eu pudesse ter tido um projeto como IBEATZ quando eu era apenas uma criança curiosa, hoje com certeza eu seria protagonista em grandes prêmios, mas eu tenho muito orgulho do que eu já consegui conquistar com a minha pouca idade.

O que o trabalho musical proporciona na sua vida, que você pensa em levar para os jovens que estão iniciando?

Música mudou a minha realidade. Música me fez conhecer o mundo, conquistar meus sonhos, os sonhos dos meus familiares. Música me trouxe grandes amigos, histórias e mais tarde uma das maiores conquistas de todas: Um Legado.

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