Primeira mulher negra e lésbica toma posse na Câmara de Curitiba

Gabinete tem advogadas, jornalistas, cientista social, entre outras. FOTO: Florbela Letícia

 

A Câmara de Curitiba tem novos nomes a partir de fevereiro deste ano, como Giorgia Prates (PT), segunda mulher negra e primeira assumidamente sapatão a ocupar o posto de vereadora na capital paranaense.

Com a eleição de vereadores para deputados estaduais e federais, suplentes tomaram posse. Giorgia ocupa a vaga deixada pelo agora deputado estadual Renato Freitas (PT).

De ativista social à candidata política, a jornada de Giorgia Prates começou em 2018, como candidata a vereadora, quando foi eleita 3ª suplente. Sua decisão de entrar na vida política se deu com o incômodo pela eleição de Jair Bolsonaro.

Trajetória

Conhecida por sua atuação como fotojornalista e pelo olhar humanitário em suas fotos e vídeos, a vereadora registrou as principais batalhas por direitos humanos na capital do Paraná. Ela destaca que seu senso de comunidade veio de sua mãe.

“Minha mãe estava sempre ajudando todo mundo da rua, conversando, acolhendo, eu cresci vendo a movimentação da comunidade, vendo minha mãe ajudando todo mundo”, conta Giorgia.

Há mais de 15 anos vivendo em Curitiba, a vereadora conhece a realidade de uma Curitiba escondida pela mídia e pela própria prefeitura. O trabalho de fotojornalismo de Giorgia Prates envolve coberturas de ocupações de moradia, violência pessoal, denúncias de racismo e machismo. Envolve também violência contra a população de rua, registros da fome, enchentes, falta de água, entre tantas outras mazelas que Curitiba insiste em não ver.

Posse

No seu discurso de posse, a vereadora contou a história de uma família que ela conheceu durante a pandemia. “Em uma das ocupações que acompanhei na cidade, havia o marido, a esposa e três filhos. A esposa, desempregada, cuidava do neném de poucos meses. Além disso, havia ainda dois adolescentes que, por não terem casa, estavam fora da escola.”

A casa em que eles moravam era um barraco de madeira de quinze metros quadrados, com apenas dois colchões. “Bem ao lado da casa passava um córrego. O que deixava tudo muito úmido e estava adoecendo tanto a família quanto o cachorro deles.”

Segundo a vereadora, “o desespero daquela família traduziu o desespero de muitas outras que eu pude acompanhar de perto. Não havia ali sonho, esperança. Não havia além de um pedido de socorro e de um espaço para a segurança da família”, relatou Giorgia.

Todos os presentes se emocionaram com o discurso.

Prioridades do mandato

Em seu discurso de posse, ela também falou como sua própria existência como mulher lésbica e negra é uma ruptura do histórico classista, machista e racista de Curitiba. Ela reafirmou seu compromisso com as pautas dos movimentos sociais e convidou todos e todas a encararem o desafio com ela.

Entre as prioridades, Giorgia se coloca como uma voz periférica e, por isso, seu plano de atuação é voltado aos bairros com maiores necessidades de serviços públicos. Ela promete acompanhamento e a fiscalização de obras públicas na periferia; denúncias de violação de direitos humanos; apresentação de projetos de lei por uma Curitiba mais inclusiva, diversa e antirracista; e projetos em defesa dos animais.

Gabinete

A vereadora inova na composição de seu gabinete. Ela faz questão de ressaltar que tem uma equipe totalmente composta por mulheres, das mais variadas experiências e formações.

O grupo conta com liderança comunitária, midiativista, advogadas, jornalistas, pedagoga e cientista social. Todas têm em comum a defesa dos direitos humanos e o trabalho pela parcela mais vulnerável da sociedade.

Entre as integrantes da equipe, está a líder comunitária do bairro Parolin, Andreia de Lima, que em 2020 integrou a então Mandata Coletiva das Pretas.

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