Policial assassinado justifica a chacina

Crédito: Reprodução internet.

No último fim de semana, na favela da Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro, pelo menos nove pessoas foram mortas devido a uma operação policial após a morte de um soldado da PM, Felipe Santos Mesquita, que morreu após um confronto na quarta-feira (21). Moradores ficaram revoltados após a morte de inocentes, que são reféns dessa dita guerra que vive o Rio de Janeiro.

A família de Matheus da Silva Duarte Oliveira espera uma resposta do Estado pela morte do rapaz no último fim de semana. No sepultamento, que aconteceu no cemitério do Caju, parentes disseram que ele foi assassinado com um tiro nas costas – um dos sinais de execução, já que a vítima é passível de defesa.

– Contaram que o Matheus estava numa padaria quando os tiros começaram. Disseram que ele correu, mas foi atingido por um tiro nas costas. O celular dele foi comprado há três meses e ainda estamos pagando as prestações, disse um parente, que não se identificou.

Em um mapeamento feito pelo G1 sobre violência, que culminou na vergonhosa taxa de aproximadamente 60 mil mortos, podendo ser até ultrapassado pelo fato do Rio de Janeiro estar em intervenção, não entrou no levantamento dos dados. De um lado, a intervenção decretada há um mês ainda não gerou o resultado prometido. As pessoas estão em pânico por conta das execuções de inocentes e a onda de assaltos em ruas e lojas. Também é cabível citar a morte da quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, Marielle Franco, que após ter sido nomeada relatora da intervenção, foi brutalmente assassinada. Por outro lado, o Rio de Janeiro não é o Estado mais violento do país, como mostra a reportagem que analisou 26 Estados. As mortes de policiais sempre foram um dos motivos para justificar a chacina feita nos bairros pobres, onde o Estado é ausente. Mas o que legitima o genocídio é o arquivamento dos processos que deveriam prender os responsáveis e que acaba desempenhando um papel oposto à Constituição.

A Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, foi palco da ocupação do exército após a intervenção ter sido decretada pelo presidente Michel Temer. Um caso revoltou uma parcela da população. Um morador, que estava a caminho do trabalho portando apenas uma marmita, foi obrigado pelos militares a voltar em casa pra buscar os documentos e acabou tendo o dia de serviço dispensado pelo patrão após ter chegado atrasado. Ainda nesse período, a prefeitura derrubou quiosques da região e dividiu opiniões após ter oferecido uma linha de crédito depois do episódio.

“O pedido do secretário de Segurança é especifico: Soldados, atenção! Sem testemunha e feridos. Abatam pelo cabelo, pela roupa, pela cor. Só cuidado com a laje, com cinegrafista amador”, o verso da música do rapper Eduardo Taddeo, “A era das chacinas”, define o momento atual, onde a violência se tornou mercado.