ONU traz à luz em pesquisa um mundo de misoginia e machismo

Foto da revista Entreteses/Unifesp - tirada da internet

Pesquisa do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP, na sigla original) feita em 75 países onde vivem o correspondente a 80% da população do planeta e divulgada quinta-feira (5) traz um dado preocupante: quase 90% das pessoas são preconceituosas em relação a mulheres e à igualdade de gêneros.

A pesquisa compara dados colhidos nos últimos nove anos e mostra que 91% dos homens e 86% das mulheres têm restrições contra mulher em relação a política, economia, educação, violência e direitos reprodutivos. Quase a metade de homens e mulheres entrevistados consideram o homem superior como líder político e 40% julgam que ele é um executivo melhor do que ela. Cerca de 30% de ambos os sexos acham aceitável homem bater na esposa ou companheira.

– Todos nós sabemos que vivemos num mundo dominado pelo homem, mas com a pesquisa podemos quantificar as tendências, e eu considero esses números chocantes – comentou Pedro Conceição, diretor do escritório de desenvolvimento humano do programa.

Enquanto mais da metade da população de países tidos como desenvolvidos na Europa e na Escandinávia se mostra livre do preconceito de gênero, o cenário ainda está longe do ideal. Na Suécia, por exemplo, a porcentagem de pessoas que ainda mantêm pelo menos uma restrição contra a mulher está no mesmo patamar de nove anos atrás, quando o estudo foi iniciado.

O mesmo grupo de países inclui África do Sul, Índia, Ruanda e Brasil. Em situação semelhante estão os Estados Unidos e o Reino Unido, com mais da metade da população preconceituosa contra a mulher em pelo menos um aspecto. A diretora do Grupo de Gênero do Programa da ONU, Raquel Lagunas, disse que os resultados da pesquisa sugerem “um caminho mais difícil” para o futuro:

– Enxergamos grande avanço nos próximos cinco anos em alguns países, mas, no mesmo período, um retrocesso em outros países. Não podemos simplesmente dizer “esses direitos humanos são para mulheres, e esses outros não” – completou.

A pesquisa foi tornada pública enquanto ativistas dos direitos humanos visitam líderes mundiais para que agilizem ações para atingir os objetivos globais de igualdade de gênero.

O jornal britânico “The Guardian” noticiou a pesquisa com destaque, mas no Brasil paira silêncio absoluto não só sobre ela como também sobre o que reflete. E a julgar pelo comportamento padrão do presidente da república e de seu ministério em que pontificam algumas mulheres o silêncio sobre o próximo 8 de Março será realmente ensurdecedor.