O que esperar da política em 2021

Antônia Cleide Alves é líder comunitária na favela Heliópolis, em São Paulo - Foto: Douglas Cavalcante/ Comunicação UNAS

Um novo ano começa com a promessa de vacina contra o coronavírus e políticos assumindo prefeituras e câmaras de vereadores

Para pensar no ano que se inicia é preciso olhar para 2020, que teve um aprofundamento de contrastes, mas também trouxe muitas ações de solidariedade, que podem se tornar permanentes na sociedade. O cientista político Paulo Spina defende a participação popular e o desenvolvimento comunitário como forças fundamentais para dialogar com as estruturas atuais, trazendo perspectivas de mudanças mais profundas a longo prazo.

A líder comunitária e educadora popular na favela de Heliópolis, em São Paulo, Antônia Cleide Alves, de 56 anos, espera que a solidariedade também atinja a gestão da cidade, que os políticos olhem para as desigualdades e repartam o orçamento a partir das necessidades das periferias. “Eu vejo um avanço na bancada dos vereadores, mas com a reeleição do prefeito, espero um diálogo para que ele mude a forma como atuou, ouvindo mais as pautas da população e correspondendo a demandas prioritárias”.

Para Spina, a escolha nas urnas foi influenciada por vetores contraditórios, como a ineficiência dos governos federal e estaduais em dar respostas efetivas à pandemia versus uma transferência de renda elevada em um período curto de tempo. “A reeleição de prefeitos e a consolidação de partidos da direita como o DEM, em contrapartida a um fortalecimento do PSOL, em São Paulo, são contradições que, longe do cenário de pandemia, talvez não tivessem ocorrido”. No Rio de Janeiro, segundo Spina, Eduardo Paes encontrará um cenário mais dramático de quando foi prefeito da cidade entre 2009 e 2017.

Paes e os demais prefeitos têm agora dois grandes desafios: a gestão da saúde diante da pandemia descontrolada e a pressão econômica com o fim do auxílio emergencial. “A chegada da vacina vai ser desigual no Brasil e pode ficar sob disputas ideológicas, já relacionadas com as eleições de 2022. Entretanto, o avanço gradativo da cobertura vacinal vai ser um grande alívio para diferentes gestões, mas é difícil prever quais serão as prioridades e qual vai ser o ritmo da retomada econômica”.

Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de janeiro/2021.

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