O dilema das redes: internet e privacidade eis a questão

O dilema das redes: desenho da personagem viciada em Instagram
Desenho artístico em alusão a uma das personagens -Ilustração: Ana Claudia Neves

Com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a rotina que se seguia deu lugar ao isolamento social. Por este motivo, cada vez mais utilizamos a internet para comunicação, trabalho, estudo, rever quem está longe, entre outras coisas. O docudrama, “O dilema das redes”, escrito por David Coombe, Vickie Curtis e Jeff Orlowski, disponível na plataforma Netflix, é uma reflexão que segue na busca de pontos comuns entre pessoas que querem somente diversão nas redes sociais e especialistas em algoritmos avançados.

Jaron Lanier, autor de “Dez argumentos para deletar suas redes sociais” e Shoshana Zuboff, autora de “A era do capitalismo de vigilância”, falam de suas experiências com as mídias sociais e indiretamente mostram o quanto afetam o dia de cada pessoa.

Tristan Harris, um homem branco, americano e bem-sucedido é o protagonista do docudrama. Enquanto Harris trabalhava no Google, ele produziu uma carta que viralizou dentro da empresa e provocou uma discussão sobre ações contra o controle de vigilância. Tristan mostra para o espectador o quanto é preciso proteger  dados e informações pessoais.

O filme dentro do docudrama

Os comentários de especialistas se cruzam com um filme, no qual os filhos mais novos de uma família são viciados em celular. A filha  caçula tem problema psicológico, e, fica claro que tem baixa estima, mas, ninguém presta atenção. Em uma cena ela exclui uma de suas fotos no Instagram e posta outra em seguida. Nesta segunda postagem uma seguidora comentou que ela tem “orelhas de elefante”, causando um grave impacto na menina.

Outra cena marcante acontece quando todos estão jantando e o vício tecnológico instalado naquele lar se torna aparente. A personagem adolescente quebra o cofre de proteção para os celulares e ignora a existência de todos. Já o filho do meio faz uma aposta com a mãe de ficar uma semana sem celular. Sem nenhum efeito, em menos de 24 horas ele perde a aposta.

A primogênita parece ser a mais sensata e tenta mediar os conflitos estabelecidos com a ajuda da mãe, mas o que ela consegue é apenas ser presa pela polícia num protesto violento levada pela defesa do próprio irmão. Ficam algumas perguntas, cadê a resolução do conflito e da crise de autoestima de uma adolescente negra que sofre bullying na internet? Por que o pai, um homem negro, é ignorado durante toda a história? Muitas respostas estão em aberto quando deveriam ser resolvidas.

O documentárioO dilema das redes“, mostra detalhes de como nosso comportamento influencia os esquemas minuciosos das empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos, a nos persuadir para que continuemos a comprar seus produtos. A cada dia estamos interagindo com a tecnologia e, doenças neurológicas podem ser atribuídas ao uso excessivo da internet. É importante tirar um tempo para nosso autocuidado já que no nosso país, políticas públicas de saúde e cultura digital são apagadas das redes.

Leia mais: Larissa Gol: menina faz denúncia sobre bullying e viraliza nas redes sociais

Leia mais: O “gatilho” que ganhou forte significado nas redes sociais