“Nós nunca paramos”: a rotina das Operadoras de Caixa durante a pandemia da Covid-19

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Moradoras de favelas e os serviços essenciais na pandemia- Créditos: google imagens

“Duas conduções até chegar ao Mercado (onde trabalho) e a volta para casa não é fácil.” Afirma Pryscila Barcelos S. Braga, 43 anos, sobre sua rotina como Operadora de Caixa.

Moradora do Complexo do Alemão na zona norte do Rio de Janeiro, ela trabalha há um ano no Assaí Atacadista, que desde o início da pandemia não fechou as portas com exceções das seguintes datas Dia do Comércio, Natal e Ano Novo. Pryscila estava desempregada há 3 anos foi um alívio, pois ela é mãe de dois filhos, um de 24 e outro de 18 anos.

“Foi um alívio, devido ao período muito difícil para todos nós. Estava tentando trabalhar por conta própria e logo veio a pandemia. Tive que deixar meu sonho de lado e tentar arrumar um emprego formal. E o Assaí foi quem abriu as portas, para muitas pessoas como eu.” Destaca Priscila Barcelos, que enfrenta a lotação dos ônibus diariamente para ir ao bairro da Gardênia Azul – zona oeste.

Os serviços essenciais  como hospitais, supermercados,  e o transporte publico apesar do descaso referente as lotações dos onibus e trens não lhe causaram sobrecarregada durante esse período. “Nada que eu não pudesse resolver.”

Ela conta que a empresa lhe forneceu o suporte necessário para sua atividade de Operadora de Caixa. Como máscaras de pano, viseira, óculos e álcool em gel, como forma de proteção ao vírus e cuidado da empresa para com o colaborador, apesar de que parte dos clientes não seguiram as normas estabelecidas pelos órgãos de saúde, como o uso de máscaras em ambientes fechados e o distanciamento social. “Muitos não respeitaram o que era para ser feito.”

Pryscila afirma que a relação do trabalho acaba-se tornando mais pessoal com clientes e colegas. “Com um mês na empresa, eu perdi duas pessoas maravilhosas em minha vida. Então tive que ficar afastada do trabalho. Mas o convívio com outras pessoas foi bom, mas ainda está sendo difícil. Ali na frente de caixa, somos um pouco de cada coisa, ouvinte e conselheira. Pessoas que perderam seus familiares e amigos por muitas vezes desabafaram ali conosco. Então nos tornamos essenciais, para dar uma palavra de amor, isso é maravilhoso.”

Colega de setor mas com horário distinto, Thaynara Ferreira, 21 anos, moradora de Vaz Lobo, zona norte, faz um trajeto mais longo e demorado. Duas conduções diárias e um percurso que dura mais de uma hora até chegar ao trabalho.

“Não parei um dia”, afirmou. Thaynara conta que no início a empresa paga Uber para os colaboradores por falta de transporte para voltar para casa, algo comum para quem trabalha até depois das 22h em Gardênia Azul e precisa ir para zona norte. Quando o transporte vem está lotado, deixando o passageiro dividido entre enfrentar a super lotação ou ficar horas no ponto de ônibus.

A empresa depositava um valor simbólico para as mães que tinham filhos em idade de creche e escolar até 12 anos durante um período. A pandemia não mudou tanto minha rotina porque o mercado não parou. Mas o fato de saber que não ia ter que parar de trabalhar me tranquilizava, porque não iria afetar em relação ao salário, como aconteceu com outras pessoas.”

Questionada sobre o fato de ter que deixar o filho em casa para trabalhar, Thaynara conta que tem o apoio da mãe, o que a deixa mais tranquila. Ela conta que não foi afastada por covid-19, mas que a empresa supriu a demanda das pessoas que ficaram afastadas por suspeita de covid. “Mulheres grávidas não podiam trabalhar, contrataram mais gente porque tinha um numero alto pertencente ao grupo de risco do quadro da empresa.”

Para Thaynara e Pryscila o Assaí tornou-se uma alternativa para o desemprego que ultrapassa a cifra vergonhosa de 13,5 milhões segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E a oportunidade do retorno ao mercado de trabalho, incluindo boas condições e remuneração fixa foi importante para manter a saúde mental no pior momento do isolamento social.

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