Negros, brancos, índios: eis a miscigenação…

Sílvio Almeida no lugar de Damares Alves é a mudança mais emblemática no ministério até agora - Foto da internet.

Qual será a participação do negro na linha de frente do governo Lula? É tão tímida essa presença ao longo da história que às vezes me esqueço de que a população não branca é majoritária no país, assim como a feminina, e no futuro também a evangélica, porque não existe crime sem castigo quando se trata das coisas de Deus. E a igreja católica, hegemônica durante tantos séculos, pecou demais.

A presença negra volta a ser discutida cada vez que se monta um governo porque é a dívida mais gritante da sociedade brasileira em três séculos e meio de escravidão e é uma reparação impossível sem alguma ruptura séria na sociedade, não adianta mais negar o racismo entranhado em nossos ossos desde a mais remota ancestralidade, é uma luta pessoal, interna, como abandonar o álcool é para o AA: não fui racista “só por hoje”.

Neste momento, no entanto, a questão racial no governo ganha relevo ainda mais destacado porque Bolsonaro fez o favor de elevar ao poder o pior pensamento nacional sobre o tema e ainda sobre direitos humanos, direitos civis, direitos trabalhistas e todos os direitos que pensávamos conquistados. Sérgio Camargo na Fundação Palmares foi uma bofetada no país inteiro, engajado ou não contra o racismo estrutural, como Damares Alves foi o escárnio maior às feministas, aos direitos da mulher, às afirmações de gênero em geral. “Menino veste azul; menina veste rosa” será o mantra no seu gabinete no Senado, para onde foi eleita pelo bravo povo de Brasília e periferia no Distrito Federal.

Por razões como as expostas acima, o anúncio da nomeação de Margareth Menezes, Anielle Franco, Sílvio Almeida (no lugar da Damares) e do João Jorge do Olodum para a Palmares, entre outros que me escapam no momento, só merece aplausos e o acompanhamento de todos que lutamos para sair do buraco onde nos meteram em 2018. E ainda falta designar mais personalidades, como Marina Silva e Simone Tebet, neste espectro das falsas minorias sociais brasileiras.

Contudo, creio que a  correção das distorções históricas que marginalizam indígenas, negros, mulheres na determinação dos rumos e na condução das políticas afirmativas virá através da educação. Alguns sucessos foram alcançados neste terreno sempre pantanoso, sobretudo na inclusão de negros, indígenas e outros grupos minoritários no circuito universitário. Mas o preço ainda é alto, a conta ainda favorece o ensino privado com a verba pública que financia o estudante pobre. Mas é um bom começo e será aprimorado com os anos. Já é possível ser atendido por médicos e médicas, advogados e advogadas, professores e professoras negros…etc etc.

Mas somente quando o Brasil tiver generais, almirantes e brigadeiros negros em quantidade representativa da raça e com o poder hoje exclusivo dos brancos poderemos aspirar a uma nova estrutura social, com menor desigualdade e direitos realmente iguais. Por enquanto, vamos ver o que Lula terá condições de fazer, a começar pela já citada Simone Tebet, branca, empresária do agronegócio e bem distante de se identificar com as pautas progressistas do setor.

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