Insegurança alimentar, dificuldades financeiras, sobrecarga de trabalho, violência doméstica e abalo da saúde mental, essas são algumas das questões que mães solos periféricas experimentam normalmente em suas vidas e que agora, durante a pandemia, estão sendo elevadas a um grau jamais imaginado antes. A partir disso, coletivos, associações e projetos foram pensados e criados buscando oferecer suporte, acolhimento e cuidado para as mães.
Anna Paula Sales, 52 anos, uma das responsáveis pelos trabalhos da A.M.I.G.A.S – Associação de Mulheres de Itaguaí Guerreiras e Articuladoras Sociais, comenta sobre os desafios enfrentados e como buscam se adaptar para vencê-los: “Mulheres mães enfrentam uma enorme desigualdade social; de gênero, onde muitas vezes as mulheres são o suporte da família, e ainda são sobrecarregadas com o trabalho , a maternidade e a violência. A pandemia acentua os problemas, deixando-as ainda mais carregadas de responsabilidades, por conta da necessidade dos filhos em ficarem em casa, o desemprego, a doença e a fome sobressaltando a vida das mulheres. O fim do auxílio emergencial e o retorno agora muito abaixo do necessário para garantir a segurança alimentar, amplificaram tudo isso ainda mais”.
Como forma de ajudar, elas servem comidas prontas todos os dias, principalmente para as mulheres que não têm gás e estão tendo que cozinhar a lenha. “Muitas delas aparecem queimadas, pois o risco de acidente é muito alto, tanto para a mãe quanto para a criança”, lamenta Anna. Mas ressalta que, apesar de serem situações extremamente difíceis, é uma enorme satisfação atuar no enfrentamento, podendo alimentar uma gestante ou filhos de mulheres que não têm condições.
matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela
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