Mulheres se unem para ampliar o acesso a direitos básicos

Mulheres distribuem alimentos frescos para famílias vulneráveis na Zona Oeste do Rio - Foto: Divulgação

Teia de Solidariedade Zona Oeste leva alimentos, fitoterápicos e informação para a população mais vulnerável

A Zona Oeste do Rio de Janeiro apresenta o menor Índice de Desenvolvimento Social (IDS) do município e é a região com maior número de casos e óbitos por Covid-19, de acordo com o Painel Rio Covid-19, da prefeitura. Em tempos conturbados, redes de apoio se formam nas periferias para prestar atendimento à população mais afetada economicamente pelo novo coronavírus.

A Teia de Solidariedade Zona Oeste, uma articulação política e social formada por mulheres, majoritariamente pretas, nasceu em março de 2020. Ela visa reduzir a vulnerabilidade das famílias impactadas pela pandemia através da ação emergencial em saúde articulada à luta pela assistência social, moradia popular e soberania alimentar.

Nos primeiros meses de atuação, o grupo arrecadou cerca de R$ 30 mil para ajudar famílias chefiadas por mulheres em Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, Vargem Pequena e Vargem Grande. O movimento foi crescendo e agregando coletivos e instituições que atuam em bairros da Zona Oeste. Atualmente, a ajuda chega a 3,5 mil famílias, garantindo alimentação básica e de qualidade, água potável e produtos de higiene e limpeza.

Diante de tantas necessidades, a Teia de Solidariedade decidiu ir além do fornecimento de cestas básicas e agroecológicas e lançou a campanha de financiamento coletivo “Saúde comunitária e cuidado radical”, com duas metas.

A primeira, levando o nome “Cuidado comunitário”, foi alcançada em 30 dias e proporcionou a distribuição de kits de saúde e autocuidado, compostos por xarope, chás e outros itens produzidos com base no conhecimento ancestral de ervas, plantadas principalmente por mulheres pretas em seus quintais, em quilombos e em favelas da Zona Oeste.

A segunda meta, intitulada “Combate à fome e pela soberania alimentar”, tem como objetivo continuar fornecendo cestas básicas e agroecológicas às famílias chefiadas por mulheres pretas e estreitar os laços entre o campo e as favelas, quilombos e periferias, democratizando o acesso a alimentos de qualidade e sem veneno. Além de fornecer aparelhos básicos de primeiros socorros.

A educadora popular e cientista social, Marina Ribeiro, uma das articuladoras da Teia de Solidariedade Zona Oeste, diz que as ações não vão parar após o alcance da meta. “Vamos continuar lutando para ampliar o debate; a consciência política; o acesso ao alimento, à água, ao saneamento básico e à moradia digna. Essa luta é fundamental para que a gente possa seguir ampliando o acesso aos direitos e a consciência do quanto isso é obrigação e dever do Estado”.

Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de dezembro.