Homenagem às aguas: “Kayala nas Estrelas”

Crédito: Paula Froes
Para a pequena Safira Santos, de 5 anos, a princesa Ariel e a orixá Iemanjá são figuras parecidas.
É fácil perceber o porquê. Autoridades nos oceanos, tanto a sereia da Disney quanto a padroeira dos pescadores são figuras femininas representadas de modo semelhante nas ilustrações: esbeltas, esguias, em corpos magros e sensuais.
Entretanto, elas estiveram presentes no Rio Vermelho, em um só corpo, negro e gordo, o de Gal Santos, 37 anos, moradora do Nordeste de Amaralina, Salvador.
Gal Santos, 37 anos e suas filhas Safira e Isabela- Crédito: Rodrigo Avila
O Editorial Nordeste, projeto que estimula talentos da moda dentro da periferia de Salvador, realizou um ensaio fotográfico Gal e suas duas filhas na Praia da Paciência, nas proximidades do dia 2 de fevereiro, tão especial para os religiosos de matrizes africanas.
Além de render uma homenagem à ancestralidade da comunidade do candomblé, na qual Gal foi criada pela família, e valorizar a diversidade dos corpos em datas tradicionais da cultura da cidade, o ensaio é uma fuga à representação clássica da divindade dos mares.
Mãe de Safira Santos, 5 anos e Isabela Santos, 13, Gal, também viu a oportunidade de inspirar as crianças, que já demonstram a educação que receberam desde pequenas. “Quando eu fui convidada, inicialmente, só Isabela tinha sido pensada para o ensaio, porque ela já modela pelo Editorial Nordeste.
Isabela Santos, 13 anos- Crédito: Rodrigo Avila
Mas quando Safira, fã de princesas, soube disso, se incluiu logo, ela tem personalidade. ‘Também quero participar, eu que sou Ariel’.
Com uma equipe de 16 pessoas entre produção, fotografia e modelos, o ensaio, intitulado “Kayala nas Estrelas”, também mostra algo diferente, o que não é costumeiro de ver em ensaios que representam Iemanjá, sempre mostrada sozinha.
No entorno da deusa, estão pescadores e marisqueiras, interpretadas por outras mães do coletivo.
Kayala é um dos nomes de Iemanjá, e estrelas se referem às estrelas do mar. Trazemos elementos como o abebê, e uma espada  que a deusa usa, e a sua estrela prateada”, explica o produtor do projeto e um dos fundadores do “Vai ter Gorda”, Paulo Arcanjo.
Safira Santos, 5 anos- Crédito: Rodrigo Avila

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