Galo de Souza: rapper pernambucano lança ” O Invisível Notável”

O multiartista Galo de Souza, pernambucano de origem periférica, cresceu entre as comunidades de Piedade (Jaboatão dos Guararapes), Várzea (Recife) e Roda de Fogo (Recife) e foi transformado pela música, com o hip hop e o rap abrindo os seus caminhos para o universo da arte.

O mais novo trabalho do rapper é o álbum “O Invisível Notável”, que já está disponível nas plataformas digitais, com dez músicas, todas autorais, além da capa da sua autoria.

O disco conta com a produção/direção musical do próprio Galo, cantor e compositor, juntamente com Jadson Vale, mais conhecido como Bactéria, multi-instrumentista e uma das referências do movimento manguebeat. 

“O álbum lançado é um panorama profundo da minha carreira artística como MC e pintor, que convivem há anos entre trabalho e lazer”, define Galo de Souza.

Crédito: Maurício Pokémon

Galo de Souza conta seus 20 anos de arte cantando no disco “O Invisível Notável”, com Pernambuco em peso

Rapper e pintor autoral da periferia lança álbum como legado para a arte pernambucana

Ele considera o Invisível Notável (OIN), uma celebração abrangente e impactante do seu trabalho artístico de mais de duas décadas, tornando-se um notável contribuinte para a arte pernambucana. E assim o MC e pintor canta e conta histórias, deixando um legado para a cena local. O de estreia chama-se “Coletivo Êxito D Rua, Manifesto Musicado, lançado em 2006”.

“Foi depois da minha primeira rima que veio o primeiro risco. O que mudou a minha vida foi o rap. Foi rimando que me tornei um grafiteiro e foi pintando que me tornei um MC da cultura hip hop. Por isso lancei um disco para contar e cantar minhas epopeias líricas na rima”, conta o artista.

O álbum é composto em sua maior parte de participações de artistas vários de Pernambuco, com destaque para Buguinha Dub, também responsável pela mixagem e masterização de todas as faixas e que participa com a voz na música “Atualize”, além dos beats na maioria do disco. Nesse mesmo som, há a presença da cantora Erica Natuza, que está em mais duas músicas do disco: “O Hip Hop Ta Vivo” e “Contemplação”.

Além de Erica Natuza, outras artistas mulheres somaram com a voz, entre elas as pernambucanas Isaar na faixa “Pirata do Capibaribe”, Joana Botelho na música “No Início” e Manu Autran no som “Sem Fronteiras”.

Seus filhos Caetano Olag & Benjamin Olag estão presentes na faixa “Mundo Mágico Darrente”. Outra conexão é com Biggie N, peça importantíssima na estrutura do rap de Pernambuco, que participa da música “O Invisível Notável”, nome do disco. Esse som, assim como “Walter Ego”, leva as batidas com samples de KSB, Dj de Jaboatão dos Guararapes que tem participações em faixas de bandas pernambucanas como Nação Zumbi, Mundo Livre S.A e Faces do Subúrbio.  

Crédito: Maurício Pokémon

Assim como Jadson Bacteria, produtor musical do “Invisível Notável” e que também gravou teclado/sint e baixo, André Malê faz parte da história do manguebeat, com trabalhos junto a Otto. Ele participou do disco de Galo de Souza engrossando o caldo com suas percussões. Já a bateria é do falecido Hugo Carranca, que acompanhava Otto e esteve em projetos musicais com artistas como Naná Vasconcelos, Erasto Vasconcelos, Junio Barreto e Bonsucesso Samba Club.

Além de KSB, o Dj Da Mata, parceiro de Galo das antigas, faz a conexão em três músicas – “Pirata do Capibaribe”, “O Hip Hop Ta Vivo” e “Atualize”, com Márcio Oliveira no trompete. A única participação de fora do estado é a de MV Hemp, artista do Rio de Janeiro, em “Pirata do Capibaribe”.

As letras das músicas, todas de autoria de Galo de Souza, trazem a história de vida do artista, as periferias, as referências da arte pernambucana, o urbanismo local e sua intervenção, a comunicação, a educação e o direito. “É a arte pernambucana, nas ruas da cidade e em outras cidades, em outros países, se posicionando em um sentido educacional, político e poético, pregando o amor e a liberdade, colocando a fé e a arte em sentido com o trabalho e o sonho celebrado”, enaltece.  

Os primeiros contatos com a cena hip-hop da década de 1990 fizeram José Cordeiro de Melo Neto, um garoto na ocasião, perceber que era possível atuar como sujeito. Em 20 anos como grafiteiro, tem seus trabalhos visuais reconhecidos no Brasil e no mundo, sendo referência da arte pernambucana. “Pintar é criar sons coloridos, desenhos são linhas curvas e retas”, finca Galo de Souza.

Entre suas criações estão o Coletivo Êxito D Rua, o mutirão de graffiti, o Criativismo, o selo in bolada record, que lançou coletâneas, discos e demos, e a Rede Resistência Solidária, fundada juntamente com outros coletivos.

Crédito: Maurício Pokémon

Projeto

O Invisível Notável (OIN) engloba toda a arte, com um disco, um livro, uma exposição e um documentário, que se unem para traçar um panorama abrangente e profundo da carreira do multiartista Galo de Souza, seja nos palcos, oficinas, palestras ou painéis.  

O projeto abrange a iconografia, o áudio e o visual de diferentes e estudos de técnicas da arte urbana ao longo de três décadas.

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