Free Fire: um tiro mortal na educação

Fogo livre, no sentido de que é permitido atirar, é o que significa o jogo que é a febre da atualidade entre os jovens em idade escolar no Brasil. Um jogo violento, desrespeitoso, que transforma a vida humana em um alvo a ser abatido. Crianças iniciam o jogo escolhendo as armas que vão comprar. Êpa! Comprar armas?

Sim, senhor! E tem pra escolher: Ak-47, Scar, Submetralhadora MP-40 ou o rifle de precisão Sniper, entre tantas outras tão mortais quanto a primeira.

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Dez entre dez pais que conheço estão de cabelo em pé com as atitudes de seus filhos depois que esse jogo entrou em suas casas. E entrou da forma mais natural possível: através do celular, que virou ferramenta indispensável para a educação das crianças e adolescentes, sendo objeto muitas vezes exigidos pelas próprias escolas, já que a agenda das atividades diárias e outros assuntos educacionais passaram a ser enviados por meio eletrônico.

O que está acontecendo, então, para que a poderosa ferramenta da internet, festejada como uma aliada para a educação e o aprendizado, esteja se transformando em uma tragédia anunciada para milhares de pré-adolescentes?

A resposta é tão simples, quanto obvia: falhas na educação!

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Pais permissivos deixam filhos alucinados passarem horas a fio na internet. As crianças “enlouquecidas” gritam à frente da tela termos como “derrubei um”, ‘pega esse aí” ou “ cuidado, o cara está com uma Ak-47” para o amigo – geralmente, um colega da escola – que está em outro bairro da cidade ou na esquina ao lado. Há também os amigos invisíveis, aqueles que eles conhecem através do jogo e moram em outro município, estado ou até em outro país.

A guerra travada pelo Free Fire deixa crianças e adolescentes insuportáveis e, muitas vezes, irreconhecíveis dentro de casa: gritam com seu pais, usam linguagem de bandido (que é o papel que representam no jogo quando se propõem a matar para obter a vitória) e jogam no lixo a joia mais preciosa que a ferramenta da internet poderia lhe dar: a educação.

Jogam também na mesma lata de lixo a relação saudável entre pais e filhos. Se tornam filhos estressados, grosseiros, irresponsáveis e até ameaçadores, pois estão com o pensamento voltado para o jogo, ignorando tudo e todos à sua volta.

Escolas e pais de alunos, como agentes indissociáveis no processo de aprendizagem, precisam urgentemente salvar a educação. Ela foi ferida de morte por um instrumento que prometia revolucioná-la, mas usado sem controle transformou-se em uma arma apontada para seu próprio peito.

Não se pode admitir crianças e adolescentes crescendo alucinados e se transformando em adultos desequilibrados, com grande probabilidade de se tornarem psicopatas. São jogos como o free fire que estimulam o que há de mais violento e irracional na mente de um adolescente, pois é necessário “eliminar” o outro para vencer.

Como fazer para virar esse jogo? Não encontraremos uma fórmula matemática, como dois e dois são quatro, para essa questão. Ela é muito mais uma questão social (de Humanas), do que de Exatas, como diriam os universitários.

Sugiro que pais limitem horários dedicados aos jogos em computadores, tablets e celulares e que a escola seja mais rígida na cobrança dos resultados aos alunos.  De que forma a escola poderia fazer essa cobrança? Não sei, mas alguma coisa precisa ser feita com urgência!

Pedagogos e psicólogos educacionais podem falar sobre isso com mais propriedade. Coloquem as cartas na mesa, embaralhem as teorias. Vamos testar novos métodos! Talvez eu não tenha encontrado a cereja do bolo, mas fica uma sugestão a ser analisada.

Não deixem o Free Fire dar o tiro de misericórdia em nossos filhos! Que tal pensar um pouco sobre isso?

Vamos tomar um café?