‘Fortalecendo Nossas Raízes’: 7ª edição do Festival Alternativo de Pituaçu

Festival ‘Fortalecendo Nossas Raízes’: Comunidade de Pituaçu se une em defesa do Parque abandonado

Nos dias 22, 23 e 24 de setembro, o Festival Alternativo de Pituaçu retorna em sua 7ª edição com o tema “Fortalecendo Nossas Raízes”. Este evento marca um ato de resistência contra o abandono do Parque Metropolitano de Pituaçu e seu entorno, localizado no bairro de Pituaçu, em Salvador, Bahia.

Organizado pelo Coletivo Pituaçu em Rede Afetiva, o evento reúne artistas, produtores, professores, profissionais do esporte e agitadores culturais, todos unidos por um propósito comum: revitalizar uma área que há anos carece de atenção do poder público.

A abertura oficial acontecerá na sexta-feira, dia 22, às 19h em frente a ONG Bumbá. O evento é gratuito e inclusivo para todas as idades, com atividades que incluem rodas de capoeira, cortejo artístico, arte circense, contação de histórias, música e aulas esportivas.

Além de sua luta incansável pela conservação ambiental e biodiversidade, o festival presta homenagem à líder religiosa ialorixá Mãe Bernadete, que foi tragicamente executada em agosto deste ano em sua residência no Quilombo Pitangueiras, em Simões Filho, Bahia.

Rubão Silva, produtor cultural e um dos idealizadores do Festival Alternativo, explicou como o projeto pretende beneficiar a comunidade e também alertou sobre os riscos que o Parque de Pituaçu enfrenta atualmente.

Ele afirmou: “Nós reunimos os conhecimentos ambientais, ideologias e identidades criados, incluindo esse vínculo afetivo com o território, contando essa história de ocupação pela comunidade guardada na memória coletiva e o bom uso que devemos fazer desse território.”

“Com o Festival, nós queremos direcionar, através do olhar artístico, a perspectiva sobre o que pensamos para o futuro próximo e o que queremos construir coletivamente. O Festival é da comunidade, é de todos e para todos”, completou Rubão.

A mesa de discussão contará com a presença de Ângela Guimarães, Secretária de Promoção e Igualdade Racial da Bahia, juntamente com outros participantes, incluindo Mãe Jaciara Ribeiro, ialorixá do Terreiro Axé Abassá de Ogum (Abaeté-Itapuã), Daíse Gomes de Oliveira, mãe, educadora, artista, produtora e articuladora social, além de Paulo Canário, membro do Conselho Gestor do Parque Metropolitano de Pituaçu.

A preservação ambiental, que também é um dos motes do Festival lançado em 2017, continua sendo um dos focos do projeto nesta celebração dos 50 anos do Parque, como explica Daíse Oliveira. “O novo que queremos busca pela saúde do nosso ecossistema e da comunidade que vive em seu entorno, abrindo os olhos da nossa população para o descaso e deterioração que este importante espaço público vem sofrendo ao longo desses 50 anos ou mais. Precisamos transformá-lo em um modelo de recuperação e preservação da sua biodiversidade com a participação da comunidade”, destacou Deise.

Programação

22/09 – Roda de Conversa

Na sexta-feira, às 19h, em frente à ONG Bumbá, ocorrerá a Roda de Conversa formada por mulheres pretas, com a discussão “Povo Negro Defendendo o Quilombo – Pituaçu 50 Anos e Memória Viva de Mãe Bernadete Pacífico”. A ideia é contar histórias de pessoas que defendem o Parque de Pituaçu e o seu território, assim como reverenciar a yalorixá que perdeu a vida tentando proteger o seu quilombo.

23/09 – Cortejo Cultural

No Sábado, a partir das 14h, acontece o tradicional Cortejo Cultural que percorre as ruas de Pituaçu, anunciando o Festival Alternativo com muita música, protestos, dança e alegria. É o momento de exaltação à comunidade e protestar contra as injustiças sociais.

24/09 – Ocupação Cultural no Parque

No domingo, das 07h às 18h, é dia da Ocupação Cultural no Parque, quando serão realizadas as apresentações artísticas e diversas atividades voltadas para a prática de esportes.

O conselheiro Paulo Canário destaca a importância da Educação Ambiental como o principal foco do festival. Para ele, o evento oferece à comunidade local uma oportunidade de se envolver na causa da preservação do meio ambiente.

“O Festival traz arte, cultura e educação feitos pela própria comunidade, para a comunidade. É uma celebração do que é produzido ao longo do ano, e a escolha de setembro como mês do evento simboliza o renascimento, coincidindo com a chegada da primavera”, enfatiza Canário.

Ele oferece uma visão das atividades, todas centradas na temática do ano, que é “Fortalecendo Nossas Raízes”. Ele: “O Parque está muito degradado, sem a devida atenção por parte do Governo do Estado. No entanto, decidimos demonstrar que, apesar do descaso, a comunidade tem raízes profundas nesse espaço e que, por meio da arte, cultura e educação, podemos reverter essa degradação”, acrescenta Canário.