Desfavelização no centro de Duque de Caxias é desumana

Espaço devastado das casas que foram demolidas em Duque de Caxias. FOTO: Beatriz Domingos

A palavra “desafavelização” no título desta reportagem pode ser curiosa para quem não sabe do que se trata. Mas o que ocorre no Parque Vila Nova, na favela do Lixão, é descabido e desumano, segundo moradores e articuladores envolvidos nesse árduo processo. 

Com dois anos de obras na localidade, a prefeitura de Duque de Caxias prometeu desfavelizar as comunidades periféricas do centro da cidade, deixando mais vistosa a infraestrutura local. Com isso, inúmeras famílias sofrem com a desocupação de seus imóveis. 

Reunião da Defensoria Pública com moradores que não aceitam indenização proposta. FOTO: Beatriz Domingos

Indenização irrisória

O que deveria trazer benefício, não traz. Isso ocorre por conta dos valores indenizatórios oferecidos aos imóveis retirados e da pressão feita aos que não aceitam as condições absurdas apresentadas.

Segundo Vitor Lourenço, articulador do Movimenta Caxias, “estão oferecendo entre trezentos e oitocentos reais por metro quadrado. Como farão essas pessoas? O valor do metro quadrado atual de Caxias é de quatro mil reais. Não há como essa gente adquirir algo com o que está sendo oferecido”.

Alguns moradores não aguentam a truculência das ações e topam o acordo. Dessa forma, construções são derrubadas sem nenhum cuidado com as que ainda não se alinharam com a proposta.

O medo e a sujeira acumulada por conta dos escombros fizeram com que o número de ratos e outros animais transmissores de doença se ampliasse. 

Representantes de movimentos sociais e famílias de Duque de Caxias. FOTO: Beatriz Domingos

 

Luta por conquistas

“Estamos ajudando na organização da busca pelo direito do cidadão. Hoje temos 150 famílias mobilizadas e essa articulação trouxe evoluções nas negociações. Esperamos obter êxito, como ocorreu na favela beira-mar”, concluiu Vitor Lourenço, articulador do Movimenta Caxias. 

A defensoria pública tem ajudado na adequação dos interesses através de reuniões mensais. Enquanto isso, a ideia de condomínios de luxo na localidade segue a todo vapor. É mais um ato de exclusão dos periféricos. 

Há uma promessa vigente de acomodações populares. Entretanto, será necessário aguardar as tratativas e cobrar o que é dito em todos os encontros realizados.