Depoimento deve complicar situação de Torres e Bolsonaro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, participa do programa Voz do Brasil

Prevê-se para esta quarta-feira, 18, o aguardado depoimento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres sobre os eventos antidemocráticos de que participou tanto como ministro de Bolsonaro quanto como secretário de Segurança de Ibaneis Rocha, governador de Brasília. Muitas das atitudes tomadas por ele em ambos os cargos o comprometem com o esvaziamento do poder e a sabotagem que desembocaram no 8 de janeiro das invasões.

Ontem o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, procurou seu colega da Justiça e a Polícia Federal para combater o boicote às linhas de transmissões de energia elétrica, que sofreram vários atentados até agora, no entanto sem maiores prejuízos ao abastecimento nacional. Essas ações, no entanto, configuram um trabalho de formiga que vai minando pouco a pouco a   eficiência do serviço e a confiança da população.

Ao mesmo tempo, cresce  expectativa sobre o retorno de Jair Bolsonaro ao país onde 16 investigações recaem sobre a autoridade que exerceu como presidente da república. A decisão é exclusivamente sua: ele pode ou não voltar, não há mandato de prisão nem pedido de extradição contra ele – o que o favorece por enquanto, embora ninguém possa garantir por quanto tempo ainda a onda bolsonarista de protesto vá durar.

Fala-se nas redes em manutenção da corrente e há pelo menos um tik-tok com o áudio da conclamação a que todos procurem em grupos de 10 ou 12 pessoas os coronéis da ativa na sua área e cobrem ações em defesa de Bolsonaro. A voz da conclamação garante que os generais estão com as mãos amarradas pelo Regulamento Disciplinar do Exército, o RDE, mas que serão sensíveis aos seus coronéis. A história não concorda.

O tempo trabalha a favor tanto de Bolsonaro quanto dos que investigam seus crimes, dos quais o decreto de defesa do TSE é o mais relevante, pelo conteúdo golpista insofismável. A primeira desculpa de Anderson Torres justificando a existência do documento, a de que ele estava na fila do triturador de papéis, é tão risível quanto o pedido de desculpas de Ibaneis pelas invasões do dia 8.

De fato, as explicações parecem todas saídas da mente de Bolsonaro, e aí fechamos o círculo em torno da figura central do ex-presidente, que pensa regressar nos braços do povo, mas pode repetir seu ex-ministro da Justiça, na chegada a Brasília, sábado passado.