Comunicação nas administrações públicas

Crédito: Ubiraci Santos. Evento de Comunicação

Ao receber uma informação pela rede social devo antes de compartilhá-la refletir de maneira crítica sobre a veracidade dela. Essa notícia é falsa ou verdadeira? Quem escreveu?

Pensando nisso, aconteceu na capital baiana nos dias 29 e 30 de novembro, o seminário “Os Desafios da Comunicação nas Administrações Públicas”, realizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, com apoio do Governo do Estado da Bahia.

O evento promoveu troca de ideias, extração de ensinamentos e reflexão sobre as experiências em comunicação nos governos. Durante o encontro surgiu à proposta do próximo seminário de comunicação nas administrações públicas acontecer no estado do Ceará.

Crédito: Ubiraci Santos. Evento de Comunicação

Estiveram presentes comunicadores de movimentos sociais, assessores de diversas prefeituras e governos estaduais, agentes comunitários de comunicação, secretários, jornalistas, editores, sindicalistas, estudantes, pesquisadores, educadores, parlamentares, blogueiros e demais interessados.

Os temas abordados foram sobre os desafios do uso da internet; questões relacionadas a financiamentos da comunicação; estratégias de combate ao fake news (notícias falsas), comunicação comunitária e pública, garantia da liberdade de expressão, além da importância da cultura para emancipação humana e democratização da comunicação.

“Esse tipo de evento deve chegar ao interior do estado. Mas há um preconceito orçamentário cuja estrutura de comunicação foi somente de 0.37 do orçamento público para atender os 417 municípios baianos. Ainda assim, pensamos em uma comunicação regionalizada no intuito de democratizá-la.

Diante disso, foi criado o Mapa da Mídia com finalidade de cadastrar os veículos de comunicação da Bahia”. A comunicação pública deve ter coragem e responsabilidade, expressou o Secretario de Comunicação Social da Bahia, André Curvello.

Parte significativa dos expositores debateu sobre estratégias de combater as notícias falsas, sobretudo, nas administrações públicas.

Segundo Rogério Moraes de Oliveira. 33 anos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jacobina (Bahia). “É de extrema importância levantar o discurso de como sobreviver com os desafios da comunicação nas administrações públicas. Com tantos fake news disseminados nas últimas eleições, precisamos debater saídas para combater esse mal, principalmente porque a maioria da sociedade não é habilitada a consultar a fonte da informação”.

Para a deputada estadual, Olivia Santana, “precisa discutir e criar estratégias para combater os fake news no pós-eleições. Devemos valorizar mais as pessoas reais, inclusive aquelas que ainda não têm consciência política”. E completou sua fala informando sobre a formação do “Parlamento Feminista, na Assembleia Legislativa da Bahia”.

Nessa perspectiva, “a conscientização política é uma das ações a ser realizada. Hoje na internet o que ocorre é uma desinformação, o whatsapp é uma terra sem lei”, disse a proprietária do Blog Socialista Morena, Cynara Menezes.

Debatedores, mediadores, palestrantes e seminaristas sugeriram os seguintes desafios:

1) Separar a comunicação pública da militância partidária, e o poder público deve contratar profissionais da comunicação (produção de textos e disseminação em mídias e redes digitais);

2) Criar novas redes sociais, com software livre, princípios democráticos e carta de princípios. O criador da Wikipédia acabou de instituir a WT: Social;

3) Tratar de forma crítica as redes sociais por razão de serem instrumentos de comunicação;

4) Combater as informações falsas;

5) Acompanhar a decisão de constitucionalidade do caput do art. 19 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) no Supremo Tribunal Federal.

6) Instituir mais tvs voltadas para populações excluídas historicamente de políticas públicas, a exemplo da TV Educativa da Bahia, TV dos Trabalhadores, e a TV Kirimurê.

“Qualquer entidade pública ou privada que apresente uma proposta comprovando a capacidade de implantação e operação, inclusive câmara de vereadores, prefeituras, associações de moradores e universidades. As prefeituras podem reivindicar a ativação dos Canais da Cidadania, disponíveis em cada cidade (Lei nº 5.820/2006)”, informou o diretor do Sistema da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia de Rádio e TV Educativa, em Vitória da Conquista, professor Rubens Sampaio.

Outras orientações: para que os movimentos progressistas evitem utilizar a expressão “mídia alternativa e priorizar chamá-la de mídia substitutiva ou mídia contra-hegemônica”.

Além disso, “muitos profissionais usam a estrutura de release em redes sociais, mas a maioria dessas redes é formada por algoritmo, motivo que exige dos profissionais de comunicação à necessidade de conhecer os conceitos matemáticos e resumir seus textos”, defendeu um dos expositores.

Em relação a aspectos culturais, na Estância Hidromineral de Olivença (Ilhéus), a população indígena Tupinambá preserva há mais de quatro séculos o ritual de “Puxada de Mastro”.

Neste sentido, “existe o interesse da gestão municipal e da comunidade indígena local pela busca do reconhecimento da Festa da Puxada do Mastro de São Sebastião como patrimônio cultural imaterial”, expressou o Secretário Municipal de Comunicação Social de Ilhéus (Bahia) Airton de Carvalho.

Também ocorreu no seminário, lançamento do livro intitulado de “A mídia descontrolada”, de autoria Laurindo Laio Leal Filho. Indicações dos filmes “Bacurau” e “Privacidade Hackeada”. Ainda houve distribuição de kits.

Mais informação, acessar o Portal: http://www.mapadamidia.ba.gov.br/