Complexo da Maré abriga primeiro Centro de Promoção da Cidadania LGBTQIA+ em uma favela

Equipamento do governo chega após 15 anos de luta do Grupo Conexão G por políticas públicas para essa população.

Gilmara Cunha é fundadora do Grupo Conexão G, pioneiro na luta por direitos para a comunidade LGBTQIA+ das favelas _ foto: Divulgação

Com um longo histórico de luta pela causa LGBTQIA+, o Complexo da Maré será o primeiro conjunto de favelas, no estado do Rio de Janeiro, a receber, no início de abril, um Centro de Promoção da Cidadania dessa população. Ligado ao Programa Estadual Rio Sem LGBTIfobia, a unidade terá atendimento jurídico, psicológico e social, entre outros serviços gratuitos. 

A conquista é fruto do trabalho de Gilmara Cunha, primeira mulher trans a ganhar a medalha Tiradentes na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ela é diretora executiva e uma das fundadoras do Grupo Conexão G, ONG localizada no Complexo da Maré, que desde 2006 pauta a questão LGBTQIA+ em território de favela.

São 15 anos que o grupo vem pleiteando políticas públicas para essa população vulnerável. Por isso, na visão de Gilmara, o equipamento governamental chega tardiamente, mas ela reconhece que ainda assim é um grande avanço. 

“O governo, nas figuras do Bruno Dauaire [secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos] e Thiago Miranda [subsecretário de Direitos Humanos e Coordenador do Programa Rio Sem LGBTIfobia], entendeu que a favela precisa de espaços como esse para minimizar todas as vulnerabilidades que a gente sofre”, diz Gilmara.

De acordo com Dauaire, a Subsecretaria de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos está trabalhando “para humanizar essas pessoas que sofrem diariamente com o preconceito e a violência”. Ele ainda ressalta que “ter um equipamento que acolhe e atende essa população mostra que o Estado está presente e atento às necessidades de cada um”.

O estudante de jornalismo, Gabriel Horsth, que se autointitula como “bicha, preta e favelada”, comemora a consquista, destacando a importância do novo centro para a comunidade.

Assim como outros espaços comandados pelo narcotráfico, aqui tem uma estrutura que exclui corpos LGBTQIA+ e nega as diversidades. Esses centros precisam existir para que a população se acostume a nos ver transitando com liberdade, sem  sermos oprimidos”, diz o morador da Nova Holanda, uma das favelas que integra o Complexo da Maré.

Atualmente, o estado do Rio de Janeiro conta com 11 Centros de Cidadania e um Núcleo de Atendimento Descentralizado voltados para a população LGBTQIA+, que totalizaram 7.417 atendimentos no ano pandêmico de 2020 e 1.406 de janeiro a fevereiro de 2021.


Como procurar atendimento?

Em uma das unidades do Centro de Cidadania LGBTQIA+, das 9h às 17h; pelo Disque Cidadania e Direitos Humanos (0800 0234567) ou preenchendo um formulário nas redes sociais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

Colaboraram Dhiego Monteiro e Tatiana Queiroz

Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de abril de 2021.

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