Comerciantes da Santa Cruz, em Salvador, doam alimentos para promover “sopão comunitário”

Mercadinho Sacolão do Bitelo, localizado na Rua: 11 de Novembro, Santa Cruz, Salvador (Ba). Crédito: Ubiraci Santos/ANF

Sopão comunitário consiste na predisposição de moradores (as) preocupados (as) com o bem-estar social, com dedicação, cooperação e higiene produzem sopa para ser servida em copos ou pratos a população do gueto.

Segundo Jailson da Silva Santos,46, padeiro, morador da Santa Cruz e sócio proprietário do Mercadinho Brilho do Sol, “não há desperdício de alimentos aqui, compramos 300 kg de produtos alimentícios compostos por frutas, verduras e legumes, onde cerca de 10 kg recusados pelos clientes fazemos doações na comunidade para preparo de sopa e 5 kg são destinados ao consumo próprio, ainda levo diariamente algumas bananas para alimentar micos que ficam na árvore localizada na Praça do Samba Elite”.

A iniciativa atende a meta 3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS12) da Organização das Nações Unidas, que propõe “reduzir pela metade o desperdício alimentar global per capita aos níveis de varejo e consumidor e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo perdas pós-colheita” até 2030.

Desafio contra o desperdício de alimento é conscientizar os varejistas e produtores para a colheita, venda e transporte sustentáveis, assim como a população em geral quanto aos restos de comida jogados no lixo.

Para a Revista Let´s go Bahia, “o peso do desperdício global de comida equivale  aproximadamente ao de 23 milhões de caminhões de 40 toneladas totalmente carregadas que, se enfileirados, poderiam dar sete voltas na Terra”.

Bananas para alimentar micos na Praça do Samba Elite, Santa Cruz, Salvador (Ba). Crédito: Ubiraci Santos/ANF

O alimento pode sofrer machucado durante o transporte ou por conta do processo de embalagem, além disso, muita gente tem o costume de afundar o dedo no produto, atitude que tende a modificar a aparência do alimento e consequentemente ser recusado por outros consumidores.

Neste contexto, Lindomar Evangelista dos Santos, 48, morador do bairro, instrutor de autoescola, comentou: “sempre que posso, eu compro e reaproveito os alimentos defeituosos em casa, inclusive recomendo que a população faça o mesmo, e consuma preparações com casca da banana, caroços da melancia, por exemplo”. Prática do reaproveitamento integral dos alimentos é outra maneira de combater o desperdício.

De acordo com Gílson Souza Gonçalves, 50, proprietário do Sacolão do Bitelo. “Por semana compro cerca de 200 kg entre verduras, legumes e frutas para reposição, destes cerca de 8 kg de alimentos rejeitados pelos consumidores por  apresentarem defeitos ou com outra avaria, faço doação para a comunidade realizar o “sopão”, às vezes até levo para casa e consumo com a família”, informa.

Pessoas com dificuldade no acesso aos alimentos por falta de renda, o executivo brasileiro deve fomentar políticas públicas direcionadas a esta parcela da sociedade. Empresas de alimentos também podem desenvolver uma cultura de doação, ao menos para produção de sopas comunitárias.

A Lei n.º 14.016, de 23 de junho de 2020 estabelece práticas de doação de excedentes de alimentos para o consumo humano objetivando o combate ao desperdício. Acesse a referida Lei na íntegra.

As doações acontecem uma vez por semana. Santa Cruz compõe o aglomerado de bairros Nordeste de Amaralina, Chapada do Rio Vermelho e Vale das Pedrinhas, juntos somam cerca de 100 mil moradores em sua maioria de jovens negros que carecem de políticas públicas governamentais.

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