Coletivo DUO Teatro celebra 13 anos com espetáculo “Memórias do Fogo” em Salvador

O Coletivo DUO Teatro está em comemoração de 13 anos, e para marcar essa celebração tem apresentado um repertório de espetáculos em praças públicas e teatros de Salvador, com entrada gratuita e exclusiva para escolas públicas, ongs e projetos sociais.

Neste mês de abril é a vez de Memórias do Fogo, solo com o atuação, encenação e dramaturgia de Saulus Castro (integrante e fundador do DUO), sob orientação da diretora teatral Meran Vargens.

A montagem fica em cartaz no Teatro Sesc Senac Pelourinho, dias 06, 08, 12, 13, 14 e 15 de abril, às vezes 19h, com ingressos a valor R$10 (meia) e R$20 (inteira); e dias 19 e 20 de abril, 15h.

“Memórias do Fogo” é o primeiro solo de Saulus Castro, criado em 2019, um mirante-espelho da América do Sul. O espetáculo tem como obras inspiradoras livros do escritor ucruguaio Eduardo Galeano – Veias da América Latina e a trilogia Memórias do Fogo (Os Nascimento, As Caras e as Máscaras, O Século do Vento).

Crédito: Diney Araujo

O corpo enquanto dramaturgia de memórias. “Memórias do Fogo” é uma obra que traz em sua dramaturgia motes que ainda são vivenciados atual e cotidianamente, estampados nas capas e manchetes de jornais: a exploração do Ser e Natureza pelas estruturas de poder, a usurpação das terras de comunidades originárias por criminosos dos garimpos, etc..

“Este solo traz histórias espiraladas, vividas ontem e amanhã, no hoje. Em meio a pandemia vimos o Brasil ser tomado por grandes incêndios em suas florestas e biomas. Homens e mulheres sendo resgatados em situação trabalhista análoga à escravidão. Indígenas Yanomami em crise humanitária, sendo dizimados pelos garimpos. São estas histórias vivenciadas no Brasil e na América Latina que levamos à reflexão”, conta Castro.

Dentro de um ambiente realista fantástico, o Tempo, o Fogo, a Terra e a Memória – personificados no corpo atuante de Saulus Castro – contam de forma não linear as histórias dessas vozes não escutadas pelas estruturas de poder, abafadas pelo colonizador europeu e branco. Uma dramaturgia cheia de avanços e recuos, uma trama permeada de sangue derramado.

No palco, uma grande área circular de quatro metros de diâmetros composto por barbantes vermelhos, que criam uma trama que simboliza o sangue derramado e o silenciar de vozes mortas por uma política econômica social que dizima corpos vulneráveis. A cenografia é de Zuarte Júnior.

O figurino é de Rino Carvalho, composto por barbantes brancos que permeiam o corpo de Saulus Castro, uma metáfora das veias sanguíneas, que trazem memórias ancestrais, cordas que limitam corpos e espaços. O branco mercúrio da extração de ouro e minérios que tem destruído nossa fauna e flora.

Crédito: Diney Araujo

“Memórias do Fogo” é mais uma obra do DUO permeada de musicalidade, em que a música também é dramaturgia, com direção de Luciano Salvador Bahia.

*Circulação*
Dos cinco espetáculos que compõem o projeto de circulação DUO 13 anos, o coletivo traz três solos: “O Barão nas Árvores”, com Marcos Lopes; “Jonas: Dentro do Grande Peixe” e “Memórias do Fogo”, com Saulus Castro. “Estas obras colocam em cena uma necessidade coletiva e/ou individual de lançar uma percepção sobre (in)determinado tema, situação, questão para e com o teatro, encontrar pessoas. Um mirante-espelho”, contextualiza Saulus Castro, que integra o DUO desde a sua formação.

Após temporadas dos solos, o projeto parte para o interior da Bahia, para apresentar os infantis O Barão nas Árvores e Em Busca da Ilha Desconhecida. Em Maio, de 11 a 14, passará pela região da Chapada Diamantina – Rio de Contas, Andaraí, Morro de Chapéu e Lençóis. De 25 a 28 de maio, o Sul da Bahia recebe o repertório DUO 13 ANOS – Itabuna, Camacan, Canavieiras e Ilhéus.

Por fim, em Junho, de 08 a 11, o Sertão – berço inspirador de algumas obras do Coletivo – será palco para os espetáculos – Ribeira do Pombal, Tucano, Cícero Dantas e Euclides da Cunha. O projeto DUO 13 anos foi contemplado pelo Edital Setorial de Teatro em 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.

*A criação*
Criado em 2010, o Coletivo DUO se inicia com o objetivo de aprimorar a prática teatral dos seus integrantes e o local de encontro foram salas cedidas pelo Colégio Central da Bahia. Depois da entrada de Saulus Castro na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, o trabalho passa a focar o treinamento/vivência do(a) atuante. Foi quando surgiu a primeira obra, ‘deriva’ (2014 – com Saulus e Uerla Cardoso). Compõem ainda o repertório do grupo, os espetáculos À flor da pele, da dramaturga Consuelo de Castro (2017); Arturo Ui – uma parábola, obra baseada no texto de Bertold Brecht no qual a chantagem, a corrupção e a violência dão o tom (2017); Arraial, adaptado da obra Antônio Conselheiro, de Joaquim Cardozo (2018); e o solo de Israel Barretto, O Avô e o Rio (2019).

Crédito: Diney Araujo