Chegou o Natal e o que você fez? Não é terapia, mas, poderia ser

Avaliar nossas atitudes não é nada confortável. E não é para ser mesmo- Crédito: Reprodução

Então é Natal, e o que você fez? E é assim que, desde a década de 90, todo santo final de ano, a cantora Simone, joga na nossa cara, essa sessão inquietante de terapia.

Porque, se você, se apega apenas as piadas e memes gerados em cima da famosa canção, você tá fazendo tudo errado. Te convido a refletir o real questionamento dessa frase, principalmente no contexto pandêmico em que nos encontramos.

Bem, alguns categoricamente responderão: fiz o que pude, fiz o que estava ao meu alcance. Será? Fica aí o questionamento!

Não pretendo, de jeito nenhum, fazer qualquer tipo de julgamento. Até por que, quem sou eu na fila da consciência? – digo, na fila do pão! Mas, quero te provocar.

A verdade é que, se esse ano, você não aderiu ao uso da máscara, não reaprendeu a lavar as mãos, não comprou um litro sequer de álcool gel, deu banho nas compras do supermercado, não se isolou, não surtou e chorou copiosamente em posição fetal.

Se você não fez tudo isso junto ou pelo menos uma dessas coisas, você não viveu 2020. Então jogo aqui alguns questionamentos importantes para essa avaliação natalina.

Iaê, você levou essa pandemia mundial a sério, considerou sua gravidade e complexidade, ou se deixou seduzir pelo negacionismo e minimização da gripezinha do presidente da república e seus seguidores?

Confiou na imprensa, no jornalismo sério, nos veículos responsáveis, ou atacou e tachou todos como, comunistas, esquerdistas e tudo quanto é ista?

Preferiu acreditar em fake news, não fez questão de checar, de duvidar, e ainda assim, espalhar desinformação?

Valorizou a ciência, ou viu na cloroquina a salvação e a luz no fim do túnel?

“não queremos vacina, queremos cloroquina” eles dizem, e você, o que diz?

Será mesmo que fizemos e estamos fazendo tudo possível para minimizar os danos causados por esse momento atípico, em nossas vidas, na vida de quem amamos, na vida de quem nem conhecemos?

Avaliar nossas atitudes não é nada confortável. E não é para ser mesmo.

Autoquestiomento, autoanálise e autocrítica, é para provocar, para inquietar, fazer repensar e principalmente para fazer mudar. Sair da reflexão e atingir a prática.

“Então é Natal, pro enfermo e pro são, pro rico e pro pobre, num só coração. Então bom Natal, pro branco e pro negro, amarelo e vermelho, pra paz afinal”. Música: Então é Natal, Simone.

*Este texto trata-se de uma opinião da autora.

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