Casais homoafetivos e os pets como “membros” da família

Nos dias atuais, as famílias têm concedido diversas formas e tamanhos. Entre elas, existem aquelas formadas por casais homossexuais que decidem adotar animais de estimação como filhos.

Essa é uma questão do casal Tatiana Vaz, 44 anos, administradora de empresas que vive há 23 anos com Taise Lima, 42 anos, formada em Educação Física. As duas moram no bairro Vida Nova, em Lauro de Freitas-Ba, com seus pets que completam a família.

“Família hoje para mim, é a junção de duas ou mais pessoas, independente de sexo, raça ou religião”, comenta Tatiana.

Ela ainda fala sobre a importância da família contemporânea. “São tão importantes quanto às famílias tradicionais, tem o mesmo valor. Importante também, por que cada pessoa pode ser livre em formar a família que quiser”, relatou.

Foto: Arquivo Pessoal

A família contemporânea vem se reinventando e hoje possui uma definição diferente da antiga que era considerada como o primeiro grupo humano organizado num sistema social, segundo o projeto de lei nº 6583/13 determinada como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada através de qualquer um dos pais e seus descendentes.

Atualmente, há o casamento homoafetivo que não foi garantido por uma lei específica no Brasil, mas foi assegurado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2011 especificou por unanimidade a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar.

Essa decisão do STF permitiu que os casais do mesmo sexo tivessem os mesmos direitos e deveres que os casais heterossexuais, incluindo questões como herança, pensão alimentícia e direito a plano de saúde.

Casais homoafetivos na periferia

A presença de casais homoafetivos na periferia é uma realidade cada vez mais visível, apesar de ainda haver preconceito em relação à diversidade sexual em algumas áreas da sociedade.

Esses confrontos enfrentam desafios adicionais, como a falta de acesso a serviços específicos e a rede de apoio.

Vaz, conta como ela e sua companheira eram tratadas no local onde moram “Nos ambientes que vivemos somos vistas normalmente. Algumas pessoas no início nos trataram com uma certa diferença, mas depois de nos conhecer e ver nosso comportamento nos tratam iguais a todos os outros casais” relata.

A administradora ainda diz: “Se houver alguma situação negativa; eu ignoro e me imponho colocando cada um em seu lugar. Respeito à todos e exijo respeito”.

Foto: Arquivo Pessoal

Mas, ainda observa-se um decaimento à evolução social nos tempos atuais, que está, permanentemente, em mudança. Pois, muitos casais homoafetivos na periferia, principalmente aqueles que decidem formar uma família, enfrentam a falta de aceitação por parte de familiares e amigos, o que pode levar a problemas de isolamento social e emocional.

“Ainda existem muitos julgamentos em formato de família “não tradicional “. Fomos criados em uma cultura tradicional onde família é formada por um homem e uma mulher e filhos. Em todos os lugares ainda existe esses julgamentos” comenta Taise.

No entanto, é importante destacar que existem movimentos e organizações que lutam pelos direitos dos casais LGBTQIA+, além de uma crescente conscientização sobre a importância da inclusão e respeito à diversidade.

Mulheres independentes

As mulheres homoafetivas que formam casais são uma realidade cada vez mais presente e aceita em nossa sociedade. Ao escolherem se relacionar com outras mulheres, essas mulheres estão se libertando de uma série de padrões e expectativas impostos pelo patriarcado e pela heteronormatividade.

Uma das principais formas em que essas mulheres se libertam é através da desconstrução da ideia de que a felicidade e a realização pessoal só podem ser alcançadas através de um relacionamento com um homem.

Ao se relacionarem com outras mulheres, elas demonstram que a felicidade e as realizações pessoais podem ser encontradas em relações amorosas e afetivas entre pessoas do mesmo sexo.

Foto: Arquivo Pessoal

Contudo, antes, os homens eram os provedores da família. Hoje com novos formatos de família, duas mulheres passam a ser as provedoras da sua casa. Tatiana e Taise ressaltam como é não depender do sexo masculino.

“Não depender uma figura masculina como provedor da família é libertador, principalmente financeiramente, que muitas mulheres ficam presas em relacionamentos falidos”, ressaltam.

Adoção de animais

Para muitos casais homossexuais, adotar um animal de segurança é uma forma de criar laços afetivos e construir uma família. Os animais de estimação são tratados com muito carinho, atenção e atenção, recebendo todos os cuidados necessários para ter uma vida saudável e feliz. Além disso, os animais proporcionaram companhia e conforto emocional, ajudando a diminuir a solidão e o estresse do dia a dia.

No caso de Tatiana e Taise, adotar um pet não estava programado para a vida delas e elas contam como aconteceu: “A ideia em ter pets surgiu a mais ou menos 15 anos quando começamos com um gatinho filhotinho que apareceu no fundo da nossa casa, mais hoje são 10 gatos e 8 cães. A maioria pegamos na rua”, contam.

Foto: Arquivo Pessoal

No entanto, é importante destacar que os animais de controle não podem ser equiparados a filhos humanos, já que eles possuem necessidades diferentes e não podem ser responsabilizados por escolhas ou decisões. Além disso, a adoção de um animal de estimação deve ser uma escolha consciente, levando em consideração a disponibilidade de tempo, espaço e recursos financeiros para garantir os cuidados necessários.

Depois de adotarem tantos pets, o casal criou a loja Gatorros Pet Shop, com serviço de banho e tosa, localizada em Cajazeiras 10 onde trabalham há 8 anos. É possível notar muita admiração entre o casal e os pets, Tatiana descreve o sentimento que sente pela sua família: “Tenho pela minha parceira um sentimento de total amor, respeito e cumplicidade e pelos meus pets tenho um sentimento de proteção, cuidado e amor”, descreveu.

A família contemporânea formada por homossexuais que adotam animais de estimação como filhos representa uma das muitas formas de construir laços afetivos e criar relações de amor e respeito mútuo. É importante que a sociedade reconheça e respeite essa escolha, valorizando a diversidade e a liberdade individual de cada pessoa em formar sua própria família.

 

Por Lucas Lima

@lucas.hslima