Brasil Sem Racismo: Campanha propõe novas estratégias de luta

Na semana que marca o dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial – comemorado em 21 de março -, líderes de diversas frentes do Movimento Negro se reuniram em Salvador para rearticular a Campanha “Brasil Sem Racismo” e debater novas estratégias para mobilizar a população.

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A ideia surgiu após a ausência de debates sobre a questão racial, pelos candidatos, durante as eleições de 2018. O coletivo percebeu que o tema não foi lembrado por nenhum dos 13 presidenciáveis e, por isto,
antes mesmo do segundo turno, dia 22 de outubro, lançou a campanha, na  sede do bloco afro Ilê Aiyê.

Segundo Vilma Reis, militante do Movimento Negro e Ouvidora Geral da
Defensoria Pública do Estado da Bahia, a ausência de debates sobre um tema tão relevante, incomodou os Movimentos Negros espalhados pelo país e deu início à uma série de debates, que começaram em Minas Gerais e São Paulo. Ainda assim, os encontros não mobilizaram a população.

“Então, decidimos que quem iria topar o debate seríamos nós: o Movimento Negro
da Bahia” conta, aguerrida, a militante do estado mais negro do Brasil.
A campanha “Brasil Sem Racismo” busca ampliar as redes de relacionamento e convocar entidades para um posicionamento nacional, a fim de evitar, por exemplo, os retrocessos que estão sendo impostos pelo atual governo federal, que podem contribuir, negativamente, para o avanço dos casos de racimo. “O momento é de diálogo, de compactuar estratégias, de pensar projetos comuns”, garante. Dados do IBGE mostram que a população brasileira já chega a 205,5 milhões de habitantes. 54,9% são pretos e pardos.

As pesquisas são definidas por autodeclaração, ou seja, o próprio entrevistado informa a cor da sua pele. O percentual dos brancos também vem caindo, entre 2012 e 2016, caiu de 46,6% para 44,2%. A intenção é que as discussões dos movimentos, sejam relevantes para toda sociedade e pautem posicionamentos, não só das pessoas negras, mas de todos que estão presentes nos espaços de decisões e poder.

A luta tem que ocupar espaço nas casas Legislativas, Executivas, nas  Universidades e sobretudo, nos corações das pessoas, para tentar barrar projetos como o da Deputada Dayane Pimentel (PSL-BA), que  propõe acabar com as cotas raciais nas universidades. A ideia é reunir pessoas que lutem juntas pela vida e dignidade da população negra.

*Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, edição de abril de 2019.