Brasil reduz a média de mortes em acidentes de trânsito, mas segurança viária ainda é insuficiente

Pedestres, ciclistas e motociclistas somam quase 50% dos acidentes fatais em estradas do mundo, segundo OMS - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Pedestres, ciclistas e motociclistas somam quase 50% dos acidentes fatais em estradas do mundo, segundo OMS - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Pedestres, ciclistas e motociclistas somam quase 50% dos acidentes fatais em estradas do mundo, segundo OMS - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Pedestres, ciclistas e motociclistas somam quase 50% dos acidentes fatais em estradas do mundo – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,35 milhão de pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito por ano. No Brasil, os números vêm diminuindo nos últimos anos, conforme aponta o relatório do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Entre 2015 e 2019, o país registrou queda anual de 7% nas mortes por acidentes de trânsito, uma redução de 43 mil para 30 mil óbitos por ano.

Os dados brasileiros seguem o estímulo da Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como meta estabilizar e reduzir em até 50% os acidentes de trânsito no mundo. O plano global é composto por cinco pilares: gestão da segurança no trânsito; mobilidade e vias mais seguras; veículos mais seguros; usuários mais seguros e resposta pós-acidente.

Entre os fatores que podem ter contribuído para a retração da mortalidade no trânsito no Brasil, estão as ações de conscientização implementadas pelo poder público e organizações não governamentais (ONGs), como campanhas educativas, que englobam o Maio Amarelo e a Semana Nacional de Trânsito; as fiscalizações, como a blitz da Lei Seca; além das alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que buscam fortalecer a educação e o rigor na legislação de trânsito.

Apesar disso, a aposentada Teresinha dos Santos, de 68 anos, moradora do bairro Jabaquara, em São Paulo, reclama que a realidade ainda está longe de chegar ao nível esperado de conscientização, tanto de condutores de transporte público quanto de usuários. “Ainda falta muita educação aos motoristas. Tem uns que parecem que estão levando um monte de cavalo, a ponto de alguém se machucar. Eles não têm educação e não olham se estão levando idosa, doente, gente com criança. E também tem muita gente que nem dá o lugar para sentar. A molecada finge até que está dormindo”, queixa-se.

Na avaliação dos especialistas, ainda há muito o que progredir no trânsito. “Registramos uma expressiva redução no número de mortes no trânsito nos últimos anos, mas é inadmissível que trinta mil vidas por ano sejam perdidas em decorrência de acidentes. Nosso objetivo é que esses números diminuam ainda mais. Estamos trabalhando arduamente para promover a educação no trânsito, porque acreditamos que, desta forma, conseguiremos conscientizar a sociedade sobre os riscos e a importância de condutas responsáveis”, afirma o diretor-geral do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Frederico Carneiro.

Segurança viária insuficiente

Os pedestres, ciclistas e motociclistas somam quase 50% dos acidentes fatais em estradas do mundo. Segundo a OMS, os levantamentos sugerem que em muitos países não há programas de segurança viária suficientes para garantir o direito à vida, que as leis de segurança no trânsito precisam ser mais abrangentes e que a fiscalização deva ser fortalecida.

Ainda de acordo com levantamento da OMS, o Brasil está entre os dez países que concentram 62% das vítimas fatais por acidentes de trânsito no mundo. Ocupando a sexta posição no ranking mundial, ficando atrás da Índia, China, Estados Unidos e Rússia e antecedendo apenas o Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Essas nações, juntas, respondem por 56% da população mundial.

Brasil está entre os dez países que concentram 62% das vítimas fatais por acidentes de trânsito no mundo, segundo OMS - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Brasil está entre os dez países que concentram 62% das vítimas fatais por acidentes de trânsito no mundo, segundo OMS – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Para a coordenadora de Segurança Viária do World Resources Institute Brasil (WRI), Marta Obelheiro, o problema é que o planejamento de mobilidade urbana brasileiro não faz parte das necessidades coletivas. A especialista diz ainda que ações de ONGs ajudam a reduzir impactos porque mostram que outra forma de mobilidade é possível, mas que as mortes no trânsito só vão ser resolvidas para muito além dos esforços tradicionais de educação e de fiscalização. Para ela, cabe ao poder público assumir a responsabilidade do mau funcionamento da mobilidade urbana.

“Isso exige uma mudança de comportamento, de paradigma, de parar de culpar o usuário, o motorista e o pedestre porque atravessou fora da faixa ou porque estava distraído. O poder público precisa assumir para si essa responsabilidade adotando metas claras, planos de ação eficientes e que tragam para o gestor daquele espaço urbano a responsabilidade de oferecer um sistema de transporte seguro. Isso é o que aconteceu em diversos países com abordagens de políticas de sistemas seguros e políticas de visão zero, e é isso que faz com que as mortes no trânsito caiam drasticamente”, defende Obelheiro.

Além de medidas do poder público, os próprios cidadãos podem reduzir os impactos dos acidentes de trânsito. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revela que o uso correto de capacetes pode reduzir em 42% o risco de mortes e em 69% o risco de lesões graves. O uso do cinto de segurança diminuiu entre 45% e 50% as chances de morte entre motoristas e passageiros dos bancos dianteiros e em 25% o risco de morte e lesões graves entre passageiros dos bancos traseiros. Já o uso de sistemas de retenção para crianças pode reduzir as mortes em 60%.

A personal trainer Graciete Almeida, de Zumbi do Pacheco, em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, sabe bem a importância do uso do cinto de segurança Ela usava o dispositivo quando sofreu um acidente de táxi junto com uma amiga, o que a impediu de ser arremessada contra o banco da frente, mais ainda sim teve consequências do impacto. “Fiquei mais de 20 dias com colar cervical e tipoia, e minha amiga se machucou com a pressão do cinto de segurança, mas graças a Deus não houve nenhuma vítima fatal. Hoje, não uso mais os táxis convencionais, porque o preço está absurdo, e com a chegada dos aplicativos de carro, que são bem mais baratos, aí que não uso mais mesmo os táxis”, conta a personal trainer.

Segurança nos carros por aplicativo

Além da questão do preço, os aplicativos de carros oferecem mais segurança e têm sido grande aliados na redução de mortes no trânsito. Isso porque 68% dos brasileiros deixaram de dirigir após a ingestão de bebida alcoólica, preferindo utilizar aplicativos de transporte, como aponta pesquisa do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), realizada pelo Datafolha, em 2019.

Brasileiros optam po aplicativos de mobilidade após consumir bebida alcoólica - Crédito: ONSV
Brasileiros optam por aplicativos de mobilidade após consumirem bebida alcoólica – Crédito: ONSV

Nesse cenário, o app de transporte 99 se destaca entre os demais, por ter sido o primeiro a receber certificação de segurança da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com a instituição, o processo de auditoria durou três meses e analisou 22 direcionamentos de proteção da plataforma da empresa.
A ABNT concluiu que a 99 realiza de maneira adequada o mapeamento de riscos e prevenção contra possíveis ocorrências, além de usar tecnologia avançada para oferecer mais segurança para motoristas e passageiros, como por exemplo, o curso de direção defensiva oferecido aos condutores.

Outros aspectos avaliados estão relacionados às ferramentas de proteção para antes, durante e depois das viagens. O uso de inteligência artificial para prever crimes e zonas de risco, além de cursos presenciais e on-line, cadastro de motoristas e o atendimento especializado para situações emergenciais.