Black Game Jam Salvador impulsiona diversidade na Indústria de Jogos

Realizada em janeiro deste ano, a Black Game Jam Salvador foi um marco inovador no cenário de desenvolvimento de jogos no Brasil - Créditos: Divulgação

Desde sempre, a indústria de jogos tem sido um território predominantemente masculino e branco. No entanto, iniciativas como a Black Game Jam Salvador estão desafiando essa norma, oferecendo oportunidades vitais para comunidades historicamente sub-representadas. 

O projeto, que faz parte do BLACK XP,  é uma maratona de desenvolvimento de games, voltado para pessoas negras e povos originários, com objetivo capacitar pessoas para criar jogos, estimular a criatividade, a internacionalização da produção de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades e competências tecnológicas. 

Idealizado pela baiana e ativista Tais Ribeiro, mais conhecida como Tata Ribeiro, o projeto também busca disseminar a cultura das game jams focadas em jogos monetizados em protocolos da blockchain e principalmente reduzir a desigualdade racial e de gênero presente na indústria de jogos em Salvador.

Para a moradora de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, estar nesse lugar reflete a importância da diversidade e representatividade na indústria de jogos.

“Eu sou uma ativista pela inclusão de pessoas negras e mulheres no campo da tecnologia, sobretudo na área de games, onde atuo mais especificamente. Acredito que a diversidade e representatividade precisam ir muito além da etnia personagem dos jogos e da etnia dos consumidores. Dados da pesquisa Game Brasil revelam que no ano de 2023 mais de 50% dos gamers no Brasil são pretos e pardos, enquanto 49,6% são das classes sociais C, D e E. Mas precisamos de muito mais do mercado de entretenimento que movimenta mais dinheiro no mundo. Queremos ser muito mais que 11%de trabalho, ser parte da construção de narrativas mais densas e reais, receber uma justa remuneração e principalmente, ser parte dos lucros”, conta Tata.

Realizada em janeiro deste ano, a Black Game Jam Salvador foi um marco inovador no cenário de desenvolvimento de jogos no Brasil, liderando uma transformação necessária na narrativa da indústria. O evento teve como tema central o afrofuturismo, encorajando participantes a explorar narrativas futuristas inspiradas na cultura africana e afro-brasileira. A iniciativa não só ofereceu um espaço para desenvolvimento criativo, mas também uma oportunidade para discutir e enfrentar desafios persistentes de desigualdade racial e de gênero na indústria de jogos.

“O tema foi trazido de uma forma muito abrangente, compilamos diferentes materiais – vídeos, textos, livros, artistas, músicas enquanto referências para que os participantes pudessem ter liberdade criativa no desenvolvimento dos jogos. E os grupos criaram jogos bem diferentes a partir desse tema”, explica a artista visual

Tata Ribeiro – Créditos: Divulgação

Jovens talentosos entre 18 e 29 anos se reuniram presencialmente no Pelourinho, ou participaram remotamente através dos servidores do Discord, para colaborar e criar jogos originais. Além de ganhar conhecimento prático sobre desenvolvimento de jogos, os participantes também foram recompensados com prêmios em dinheiro, financiados pela Polkadot, como forma de incentivar a geração de renda e fomentar o profissionalismo dentro das comunidades negra e indígena. Todos saíram com um prêmio de R$ 1.000,00, e os monitores, universitários ou em desenvolvimento profissional, receberam R$ 500,00.

“A premiação foi uma iniciativa da Polkadot para fortalecimento dos talentos que participaram da Black XP e assim oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional e auxiliar na promoção da diversidade e inclusão na indústria de jogos, ao mesmo tempo em que promove a geração de renda e o fomento profissional nas comunidades negra e indígena. Esse tipo de incentivo também permite que as pessoas passem a integrar as comunidades de jogos para além da Black XP, consolidação e ampliação de ações que visam criar um ambiente mais acolhedor e equitativo na indústria de jogos como um todo”, reforça a artista visual.

Para entender melhor a importância e o impacto deste evento, Tata fala sobre seu papel e visão na Black Game Jam Salvador. “Toda a minha atuação está enraizada na necessidade de promover inclusão e diversidade, especialmente dentro da indústria de games. Não se trata apenas de ter personagens negros nos jogos, mas sim de transformar a própria estrutura e narrativa da indústria. A Black Game Jam Salvador foi uma oportunidade não apenas para criar jogos, mas para desafiar as normas e construir um espaço mais equitativo e representativo.”

Além disso, a Black Game Jam Salvador garantiu a inclusão de pessoas cis, trans e não-binárias, assim como mães, criando um ambiente acolhedor e diverso. Diretrizes claras de comportamento foram estabelecidas para promover respeito e inclusão, enquanto workshops e painéis foram diversificados para representar a comunidade que o evento pretendia alcançar.

Os workshops e o “After formativo” oferecidos durante o evento desempenharam um papel crucial na capacitação dos participantes. Com a presença de especialistas que representam a diversidade almejada na indústria, os jammers adquiriram conhecimentos fundamentais para desenvolver narrativas e monetizar seus jogos de forma mais estratégica.

Com o sucesso da primeira edição, a Black Game Jam Salvador já está planejando sua segunda edição para o segundo semestre de 2024, prometendo expandir ainda mais sua influência e impacto na indústria de jogos. As datas de inscrição e detalhes serão anunciados em breve, mantendo viva a chama da inclusão e diversidade no desenvolvimento de jogos.

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