Aulas gratuitas de idiomas promovem inclusão para pessoas trans

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Professores voluntários oferecem aulas online para estudantes trans de baixa renda, ampliando horizontes e fortalecendo a comunidade

Desde 2021, os Professores de Inglês Manuela Portela, de 26 anos,  professora e estudante de direito, de Itabuna, Bahia e Dhiego Monteiro, de 26 anos, comunicador popular de Nova Iguaçu Baixada Fluminense, Rio de Janeiro,  têm transformado essa realidade com o projeto social Trans in Class, uma iniciativa que oferece aulas de idiomas gratuitas e online para pessoas trans de baixa renda.

O Trans in Class funciona de forma semestral, abrindo novas vagas a cada semestre, e atualmente está recebendo inscrições para o segundo semestre de 2023.

As aulas abrangem diversos níveis de proficiência e, além do inglês e espanhol, o projeto busca expandir sua oferta de idiomas com a participação de novos professores voluntários.

As turmas são organizadas levando em consideração a disponibilidade de cada professor, oferecendo horários flexíveis para atender às necessidades dos estudantes.

Dhiego Monteiro, colaborador da Agência de Notícias das Favelas, Rio de Janeiro – crédito – divulgação

Aprender uma língua estrangeira é uma forma poderosa de expandir oportunidades e conectar-se com o mundo, mas para estudantes trans, o acesso a escolas especializadas pode ser um desafio devido à falta de acolhimento e custos elevados.

“Uma das características marcantes do Trans in Class é a equipe diversificada de professores, composta por pessoas transgêneras e cisgêneras, que se unem de forma voluntária para criar um ambiente virtual acolhedor, respeitoso e livre de opressões, tais como machismo, homofobia, transfobia, racismo, capacitismo, etarismo e xenofobia”, explica Dhiego Monteiro.

Essa abordagem cuidadosa visa promover não apenas a qualificação profissional e pessoal dos alunos, mas também contribuir para aumentar suas chances de inserção no mercado de trabalho. O projeto valoriza a autonomia e a participação ativa dos estudantes, buscando pautas menos conservadoras e mais próximas da realidade de cada aluno. 

Além disso, os valores de direitos humanos são enfatizados, compartilhando conhecimentos de idiomas e transformando o Trans in Class em uma ferramenta relevante de inclusão e fortalecimento da autoestima.

Manuela Portela e Dhiego Monteiro, os idealizadores do Trans in Class, acreditam que todos devem ter acesso igualitário à educação e oportunidades, independentemente de sua identidade de gênero. Eles estão dedicados a ampliar os horizontes linguísticos e sociais de pessoas trans, proporcionando um ambiente seguro e encorajador para que possam desenvolver suas habilidades linguísticas e alcançar seus objetivos pessoais e profissionais.

“Além das aulas de idiomas, o projeto Trans in Class oferece um ambiente acolhedor onde os alunos podem ser quem são sem medo, promovendo a inclusão e a autoestima das pessoas trans. Os professores utilizam diferentes recursos, como músicas, jogos”, conta Dhiego

À medida que o mês do orgulho LGBT é celebrado, o Trans in Class destaca-se como um exemplo concreto de como a inclusão e a solidariedade podem transformar vidas e promover a diversidade.

Confira alguns depoimentos de colaboradores e alunes do Trans in Class

Caio Eduardo

Caio Eduardo Fernandes, 31 anos Recife, Pernambuco. Queer | Não binário | Gay – Créditos – Divulgação

Possuo graduação em Gastronomia pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Pernambuco – SENAC-PE (2018) e graduação em Design de Interiores pela Faculdade Boa Viagem (2013). Tenho experiência na área de nutrição, com ênfase em gastronomia, atuando no estabelecimento gastronômico Dom Sain Cozinha Saudável e Afetiva. Trabalho principalmente os temas gastronomia e comidas saudáveis e afetivas, e participou dos seguintes eventos: Festival Pernambuco Bom de Mesa, Arena Gastrô e Festival Gastrô, saudabilidade, oficinas de culinária e produtores locais. Tem projeto de inclusão de auxiliares e apoio na cozinha e alunes para oficinas LGBTQIAPN+ e um foco maior pessoas transexuais. 

Fui convidado pelo querido Dhiego para participar desse Projeto tão lindo Trans In Class,  com equipe de professores incríveis e super acolhedor. Tenho a dizer que desde do primeiro contato até mesmo em sala é de uma educação fora do normal, onde você pode ser quem você é, não há falta de respeito com o alune, de acolher nas dúvidas, de ter um material de suporte muito bom como de aprender como aprimorar ao uso do idioma(no qual, o meu é o inglês). Realizei cursos em outros lugares, mas nunca foi dessa maneira. E eu só tenho a agradecer por vocês.

Selma Boiron

Selma Boiron – Créditos: divulgação

Meu nome é Selma Boiron e me identifico com os pronomes ela/dela. Moro em Niterói com meu filho e estudo na Universidade Federal Fluminense desde 2016 quando retomei a vida acadêmica, depois de 40 anos no mercado de trabalho. Comecei a me interessar pelas questões de gênero na universidade. É muito importante para mim o conhecimento e o entendimento que a vivência numa instituição pública de ensino promove. Foi num grupo de rede social da UFF que fiquei sabendo do projeto. Trouxe a minha experiência numa conhecida franquia nacional de cursos de inglês para as aulas online do TIC. Minha surpresa foi o enorme interesse e dedicação des alunes às aulas. A iniciativa de atender especificamente a este público, cujas dificuldades relacionadas à sua própria existência e convivência nas dependências de um curso regular, é o diferencial que mais me encanta no projeto. Espero somar com essas pessoas incríveis que tenho conhecido aqui. São realizações assim que  acolhem a população trans, dando oportunidades a todes e todas as áreas do conhecimento.

Julian Angardi

Julian Angardi, 29 anos, graduação em história – crédito – divulgação

Julian Angardi, 29 anos, graduação em história e graduação em andamento em Psicologia (UVA), experiência em monitoria escolar e aulas particulares, trabalhei no Instituto Braga Carneiro e ADNJR. Atualmente faço estágio e pesquisa em clínica e pesquisa em saúde mental da mulher no SPA (UVA), e dou aula particular de história, filosofia e sociologia. tenho inglês  intermediário espanhol pré- intermediário e aqui no projeto percebi que é mais fácil e dinâmico de aprender, é uma possibilidade real, de qualidade e espaço acolhedor. Principalmente para pessoas trans que não podem pagar. Fiz cursinhos caros e a qualidade das aulas não deixa nada a desejar em relação a eles. Pretendo continuar sempre que possível comparecendo às aulas. E agradeço a compreensão e paciência dos professores. 

João Lucas Claudino

, 24 anos, Varginha MG – Créditos: Créditos Oazzy brechó

Sou estudante de engenharia civil, modelo, homem trans e intersexo, pra mim o trans in class foi muito importante, tanto por ter colegas de sala como eu, o que traz muito mais segurança de estar nas aulas. As aulas são super interativas, tem a parte prática da pronúncia, uma coisa que sempre achei mais complicada e foi desenrolada durante as aulas. A experiência com trans in class só mudou na minha vida, conhecimento em outra linguagem abre muito mais portas de emprego, e sabemos que empregabilidade trans é difícil, além disso quero poder fazer intercâmbio!

Mayanna Jeff Barbosa Farias, 32 anos

Mayanna Jeff Barbosa Farias, 32 anos, de Brasília – créditos: divulgação

Quando decidi entrar para o projeto, foi por causa de uma expectativa onde necessitava aprender a falar outras línguas, como o inglês e até por aperfeiçoamento na minha profissão, pois sou formada em gastronomia. Eu sei o básico do inglês, do que aprendemos na escola, mas aperfeiçoamento, é isso que espero.

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