Amazônia: violência contra jornalistas e comunicadores

Na última terça-feira, 23, foi lançado o relatório “Fronteiras da Informação – Relatório sobre jornalismo e violência na Amazônia”, no auditório do NAEA (Núcleo de Altos Estudos Amazônicos), localizado no térreo da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O documento foi produzido pelo Instituto Vladimir Herzog, e tem o prefácio assinado pela jornalista Sônia Bridi, e traça um panorama da situação enfrentada por jornalistas e comunicadores na região amazônica, evidenciando que este local, que é um dos biomas mais importantes e diversos do planeta, tem sido palco de uma crescente onda de violência que atinge diretamente os profissionais da imprensa.

O relatório expõe uma realidade que pouco mudou desde o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips em 2022, no Vale do Javari,e de casos mais recentes como os ataques contra a liderança indígena Txai Suruí. Para Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do IVH, “a grande importância desse relatório se dá pela capacidade que ele tem de consolidar dados multidisciplinares sobre as várias questões que, direta ou indiretamente, afetam o trabalho de jornalistas e comunicadores que atuam na Amazônia”.

Nos últimos 10 anos, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) registrou, nos nove estados da Amazônia, 230 casos de violência contra jornalistas que buscaram expor questões como garimpo ilegal, exploração madeireira, expansão agrícola descontrolada e narcotráfico na região.

“Não é um relatório apenas sobre a violência que essas pessoas sofrem, mas também sobre como o sucateamento das políticas públicas de preservação do meio ambiente, levado a cabo pelo governo Bolsonaro, causou problemas sociais e econômicos gravíssimos, que exigem uma ação contundente e imediata do Estado brasileiro”, avalia Galli.

Com recomendações ao Estado e dicas de segurança aos profissionais em comunicação, o relatório “Fronteiras da Informação é um convite não somente à reflexão, mas também à ação sobre os desafios enfrentados pelos comunicadores e a necessidade de fortalecer o compromisso com a defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e de seus defensores, da liberdade de expressão e do acesso à informação de interesse público em todo o país.

O evento contou com a presença de Hyury Potter e Fábio Bispo, respectivamente coordenador e repórter do relatório, Sadi Flores Machado, procurador regional dos Direitos do Cidadão no Pará, e Catarina Barbosa, jornalista e diretora da Abraji.

Fonte: Instituto Vladimir Herzog