A importância de se ter uma mulher como técnica no futebol feminino

Pia Sundhage é a nova técnica da seleção feminina de futebol. Foto: Reprodução

A técnica sueca, Pia Sunndhage, será a nova treinadora da seleção brasileira de futebol feminino. Pela primeira vez na história sendo comandada por uma estrangeira, a equipe busca uma renovação de valores e traça planos de longo/médio prazo. Bicampeã olímpica comandando a seleção americana, a treinadora terá ainda, em seu cargo, a chance de reformular as categorias de base, podendo realizar um trabalho completo de formação.

Amargando uma rápida eliminação na Copa do Mundo, após derrota nos acréscimos para a França, nas oitavas de final, a seleção feminina parte em busca de futuros melhores. Com a demissão do técnico Vadão, após sua segunda passagem pela seleção, a equipe aposta na renovação rumo aos Jogos Olímpicos.

Vadão voltou a comandar a seleção brasileira feminina entre 2017 e 2019, tendo uma passagem polêmica e criticada por suas próprias jogadoras. A seleção vinha sendo comandada, até então, pela treinadora Emily Silva, conhecida por sua dedicação de anos ao futebol feminino. A troca de comando, sem um motivo eminente, derrubou as pequenas esperanças de se ter alguém que realmente se importasse com a modalidade feminina e quisesse realizar mudanças no esporte.

Jogadoras da seleção foram contrárias à demissão de Emily Silva. Foto: Reprodução

Com a contratação de Pia, as esperanças de um futuro vitorioso voltam a rondar a seleção. Tendo iniciado sua carreira no futebol como jogadora, a sueca é considerada uma referência no futebol feminino após fazer melhorias técnicas e táticas significantes pelas equipes que comandou, como a seleção dos Estados Unidos, hoje a maior potência do futebol feminino, e ainda a equipe feminina da Suécia.

Não somente a esperança por resultados é depositada em Pia, mas também se enxerga nela a possibilidade do futebol feminino ter à sua frente uma profissional que dedicou sua vida à modalidade e não trata o cargo apenas como mais um emprego. Cria-se um sentimento de apego e pertencimento, das jogadoras em relação a equipe, quando se vêem comandada por alguém que as represente e ame estar ali tanto quanto elas. Amor esse que resulta imediatamente em mais entrega e melhores resultados.

O futebol feminino brasileiro começa a enxergar a modalidade como uma possibilidade de vida para as mulheres. O esporte subiu degraus após o sucesso da Copa do Mundo no país. As equipes brasileiras obrigatoriamente necessitam possuir equipes femininas. As oportunidades começam a ser criadas e sonhos a serem realizados. A renovação agora se dá desde as equipes menores, passando pelas categorias de base da seleção e chegando até à equipe principal.

Pia comandará as categorias de base e a equipe principal da seleção brasileira feminina. Foto: Reprodução

Entretanto, tais reformulações não poderão alcançar resultados à curto prazo, é preciso dedicação e um trabalho de anos. O futebol masculino teve décadas para se tornar a potência que é atualmente, enquanto o feminino começa ainda a galgar seus primeiros passos, infelizmente. Será preciso muito mais que apenas comandar uma equipe, é necessário amar o trabalho que está realizando e ter paciência com as deficiências ainda enfrentadas. Assim se dá a maior importância de se ter uma treinadora comandando a seleção brasileira de futebol feminino. O amor ao esporte compartilhado por Pia e por milhares de mulheres ao redor do mundo.