Tranças e dreadlocks vão muito além da questão de estética e estilo, tratam também de identidade, afirmação e autoestima do povo preto. Neste período de isolamento social, Carol Areias, criadora do salão-escola “Espaço Coisa D’ Negro”, em Coelho da Rocha, São João de Meriti, diz que o início foi desafiador, pois toda a loja e o curso tiveram que ser remodelados para o on-line. “Fechamos nossas portas por medida de segurança e só retornamos no fim de julho com funcionamento parcial. Tínhamos dois espaços alugados, a loja e um lugar para abrigar a escola de trancistas. Esse último tivemos que devolver”, revela.
Fundado em 2008, o salão, que também é um espaço de acolhimento e cultivo de tranças, passou por diversas transformações ao longo dos anos. Antes de estourar a pandemia, o estabelecimento contava com uma loja multimarcas, que além das fibras e cabelos orgânicos, vendia turbantes e roupas que enaltecem a estética africana.
Com a reabertura parcial do salão-escola, Carol conta que a atenção aos cuidados sanitários é frequente. “Instalamos um cordão de isolamento na porta para permitir o acesso de apenas uma cliente por vez. Disponibilizamos álcool para nossas clientes, alunas e funcionárias”, explica.
Carol viu o fluxo de clientes diminuir bastante, mas ela diz que apesar das dificuldades, continua fazendo o salão funcionar e formando novas trancistas profissionais. “Com a crise instaurada pelo novo coronavírus, muitas mulheres estão procurando nosso curso como alternativa para driblar as dificuldades do momento a partir dessa nossa arte ancestral”, diz.
Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de outubro.