Cantora, compositora, preta e travesti, Lua Zanella é belo-horizontina e cresceu em Contagem. Iniciou a carreira ao lado do irmão, Vinícius Morais, e os dois foram vice-campeões do Festival da canção da PUC-Minas em 2019 com a música Riqueza Roubada. Mas a influência da arte foi herdada bem antes.
Ela conta que a mãe gostava de escrever sonetos e tocava órgão na igreja evangélica em que as duas frequentavam. “Minha mãe escreveu um soneto chamado Lua, aos onze anos, e falava que esse seria o nome da filha dela. Quando falei que eu era uma mulher trans, ela sugeriu esse nome e eu aceitei”, relembrou.
Com o apoio da família, admiração e aceitação materna, Lua pôde sonhar e fazer acontecer sua vida na arte. “Eu comecei tocando violino na igreja e a me apaixonar por harmonia, por arte, por melodia. Entrei no Valores de Minas em 2013 e tive acesso ao canto de coral. A partir daí, percebi que não conseguiria viver sem fazer arte, eu não conseguiria viver sem cantar”, afirma.
Lua, trajetória palmo a palmo
Após o projeto com o irmão, o duo inMoares, Lua não parou mais de produzir e lançou no mesmo ano o sucesso Popotchão, hino de empoderamento de quando se reconheceu enquanto mulher trans. Ela diz que artistas como ela precisam se desdobrar para conquistar espaço.
Não por outro motivo, fez vaquinhas para conseguir gravar os dois primeiros clipes. Além das dificuldades financeiras, há a barreira para conquistar o público. “Ter oportunidade de estar nos palcos, eventos e lives é um trabalho árduo. Leva tempo para as pessoas conhecerem e acreditarem no trabalho da gente”, completa.
Influências do rap na obra de Lua
Logo veio o primeiro EP da cantora, Dama de Paus. O álbum toca as vivências da artista e aborda os temas corpo trans, liberdade sexual, a força do folclore e a cidade de BH.
O som da Lua tem forte influência do rap, onde encontrou o acolhimento e o incentivo que precisava. Mas a artista não se limita e tem planos de se aventurar por outros ritmos e temáticas.
Na vida acadêmica, encontrou também uma forma de fazer arte. É Bacharel em Cinema e Artes Visuais. “O curso foi extremamente necessário para eu me lapidar enquanto artista”, diz.
Lua organiza batalha de rima em Contagem
A pluralidade da MC exige um cotidiano dinâmico e ela não deixa a desejar. É a primeira mulher trans a organizar batalhas de rap em Minas Gerais, a Batalha do 402 em Contagem, e participa de duelos de rimas. “Senti que era um espaço em que eu devia ocupar”, declara. A partir dessa referência, teve a oportunidade de ser jurada de uma pré-seletiva de um duelo nacional de MC’s.
O convite para o festival Rap Game, que vai estrear em Belo Horizonte dia 25 de março, está agitando a rotina da cantora. Ela promete a maior entrega de sua vida, por ser o maior palco em que vai atuar. “Os preparativos estão a todo vapor. É emocionante, inspirador, surreal e lindo”.
A felicidade atual é fruto também de um novo single Rua Sapucaí, que está prestes a sair no seu álbum TransMachine, com parcerias musicais de mulheres trans, travestis e não binários de todo o país. “Sinto que é grande, potente e já é histórico”, finaliza.
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