2 milhões de doentes e 76,8 mil mortos: o retrato da banalização da pandemia

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O Brasil atingiu 2 milhões de casos confirmados de Covid-19 com as 43.829 novas infecções registradas, nesta quinta-feira, 16. Também houve 1.299 mortes, o que elevou o total de óbitos pelo novo coronavírus a 76.822. Até o momento, somente Brasil e Estados Unidos tiveram mais de 1 milhão de infectados pela doença. De acordo com os dados coletados até as 20h desta quinta (16), a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.081.

Apesar de escandalosos em si, esses números refletem apenas a banalização da morte no Brasil, como denunciam profissionais da área de saúde e acadêmicos de ciências sociais. Frei Beto divulgou também ontem a carta enviada a seus amigos no exterior para que façam pressão sobre o governo Bolsonaro por atitudes positivas contra a expansão do novo coronavírus. E o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, conseguiu a façanha de fazer o presidente parar de defender a cloroquina e até recomendar que pessoas com sintomas da doença procurem o médico.

A incursão bem sucedida do ministro resultou de sua declaração sobre o Exército e o genocídio, que irritou os militares no governo, mas encontrou eco na sociedade civil vítima da política de saúde pública bolsonarista na crise sanitária. Segundo quem conversou com Gilmar Mendes, ele advertiu o presidente da república sobre o risco de ser denunciado e julgado pelo Tribunal Penal Internacional sob a acusação de genocídio – possivelmente a mais grave que se pode imputar a um mandatário.

No mesmo diapasão, Frei Beto alertou em sua carta aos amigos no exterior que a negligência e o negacionismo do governo brasileiro são uma política de estado, seguem um plano de deixar morrer os idosos para aliviar a Previdência Social e os mais pobres para esvaziar o Sistema Único de Saúde de significado e importância. O frade poderia ter incluído também a limpeza étnica com o extermínio dos indígenas por Covid-19 e negros pela doença e pela polícia.

De volta às estatísticas da pandemia brasileira, com 398 mortes, São Paulo teve o maior número de óbitos registradas nas últimas 24 horas. Um crescimento de 80% em sua média móvel de mortos, em comparação com sete dias atrás, e já soma 19.038 vidas perdidas. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, a pandemia tem tido expansão comprovada pelo crescimento, respectivamente, de 80% e 41% da média móvel das regiões, em comparação com sete dias atrás.
O Distrito Federal, com 36 óbitos, continua com um número de mortes próximo ao recorde, 41, atingido na quarta, 15. Goiás teve 59 mortes registradas e ultrapassou os 1.000 óbitos. O Paraná registrou 46 óbitos nas últimas 24 horas e soma, ao todo, 1.227 mortes.
O Brasil tem uma taxa de cerca de 36,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 42,3 e 68 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente.