BEIJA-FLOR: UM GRITO SEM LIBERDADE

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A escola de Nilopólis perdeu a chance de fazer um belo carnaval exaltando a luta da raça negra. O luxo e a riqueza das fantasias foram os detalhes menores. A agremiação sujou a história da raça negra ao receber milhões do ditador Teodoro Obiang, que está no comando da Guiné Equatorial há 35 anos. As organizações de direitos humanos o acusam de violações gravíssimas aos direitos humanos. Como uma das festas mais democráticas do planeta poderá premiar uma agremiação que recebe dinheiro sujo de um país não-democrático?

O Ministério Público brasileiro deveria ter agido a tempo para proibir este patrocínio, porque vivemos num país democrático e porque o carnaval tem sua raiz na luta da resistência do povo negro brasileiro.

Esse é sem dúvida uma dos nossos grandes dramas, pois fomos o último país das Américas a libertar os escravos e ainda hoje os negros não conquistaram espaços de dignidade e igualdade. Além do fato de que mais de 70% dos jovens assassinados nas periferias do Brasil são negros.

De que adianta ouvirmos da voz forte do Neguinho da Beija-Flor que “o negro canta, o negro clama liberdade”, se ser livre aqui, na África Equatorial ou em qualquer lugar do mundo requer ter garantias de que sua vida não será interrompida numa viela de favela ou num gueto da África.

Estamos de luto e estamos putos com tanto desrespeito às causas dos direitos humanos. Diga não a ditadura, diga não a Beija-Flor por manchar a alegria do carnaval.