Você conhece @elasdocombate?

Samyra Ferreira

Perfil do Instagram conta histórias de grandes mulheres combatentes   

As histórias de guerra, as lutas e os grandes acontecimentos do passado sempre foram registrados pela liderança da figura masculina, como se fosse o único responsável por tudo conquistado.

Mas será que naquela época não existiam mulheres? nenhuma combatente?

Os registros do passado sempre foram muito cruéis com a figura feminina, colocando- a muitas vezes como objeto reprodutor, e por isso é importante mostrar o outro lado, o que poucos conhecem, mostrar que desde a antiguidade as mulheres sempre foram guerreiras.

Crédito: Arquivo pessoal. Samyra Ferreira

Você já ouviu falar no @elasdocombate?

Uma página do instagram, mas precisamente de Porto Alegre (RS), administrada por Samyra Ferreira, de 34 anos, formada em Gestão Hospitalar  pela Universidade Franca.

A ideia da página se deu a partir de três fases; Sendo a primeira sobre a história de um amigo garçom que foi compartilhada, depois foi inspiração em um “insta” chamado, @história_medieval, onde a dedicação e o conteúdo a chamou atenção e impulsionou a escrever também, e a última sobre a lacuna de “mercado”, não havia uma página tão direcionada com o tema envolvendo as mulheres. 

Única administradora e responsável pela página, Samyra recebe diariamente indicações e sugestões dos seguidores que acompanham a página. Como a história precisa ser contada de forma minuciosa, objetiva e clara, ela tem uma preocupação na construção de cada texto, pois precisa repassar na íntegra todo conteúdo.

Hoje ela tem um arquivo com nomes dessas mulheres para entrar na página, e diversifica sobre suas atuações profissionais. Um dia de uma combatente de front ou enfermeira, no outro podendo ser aviadoras, snipers, espiãs e por aí vai.

Credito: Reprodução
Crédito: Reprodução. Ivanovna Dolina- União Soviética

As fontes são pesquisas de livros, sites, vídeos, filmes, e muitas vezes para finalizar o texto é preciso traduzir e contextualizar, pois boa parte do conteúdo está disponível em inglês e russo. 

O trabalho do @elasdocombate ainda é recente, mas Samyra pretende ampliar os canais e investir em cursos de mídias sociais para alcançar um público ainda maior e disseminar ao máximo esses conhecimentos ao longo do tempo.

Perguntada sobre o porque falar sobre as mulheres, Samyra responde:

“Hoje em dia se discute muito sobre os direitos das mulheres, e mesmo no momento atual esse assunto ainda é difícil e talvez até cheio de tabu, mesmo que as mulheres tenham conquistado mais voz hoje. Imagine em décadas passadas?

Quando voltamos na história, a 100 ou 200 anos atrás, as mulheres não tinham voz, e a história pecou demais em não dar a devida importância aos feitos dessas, pouco foi escrito sobre as mulheres combatentes, muitas delas deram a vida por suas nações, pelos seus ideais, por defender suas famílias e amigos.

Decidi que as pessoas precisavam conhecer essas mulheres esquecidas, e quis compartilhar com o máximo de gente essas histórias de luta e coragem, não pode simplesmente passar desapercebidas e no que eu conseguir fazer, quero manter a memória delas viva”.

Você acredita que os homens precisam conhecer essas histórias? Porque?

“Incrivelmente o meu maior público é masculino, eles são 55% hoje na página.

Sim! tanto os homens como as mulheres precisam conhecer tais histórias, pois acredito que quando se adquire conhecimento, algo sempre muda. A visão, a perspectiva, a sensibilidade de se colocar no lugar do outro. 

Quando estamos dispostos a aprender com as histórias de vida de outras pessoas, evitamos até mesmo passar por percalços. Já dizia Edmund Burk, político, filósofo e orador irlandês: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.

Qual tem sido o feedback das pessoas ao ler os seus textos?

Ah… tem sido incrível. As pessoas são maravilhosas, a cada postagem as respostas que recebo são de muito incentivo, apoio e encorajamento.

“Teve um feedback que não vou esquecer jamais, uma leitora me escreveu dizendo que andava sem ânimo, triste e sem vontade de encarar o dia a dia, e que lendo sobre tantas mulheres guerreiras, decidiu ser uma guerreira também e saiu da cama e foi lutar o seu próprio combate.

Jamais imaginei que mesmo aqui do outro lado da “tela” eu poderia ajudar ou inspirar alguém a ser melhor, não há preço que pague isso…”

Crédito: Reprodução. Milunka Savic- Servia

O que te motiva a continuar?  

Cada dia tem uma surpresa diferente, o convite para essa entrevista é um deles, me senti extremamente honrada em participar, ainda existe muito a ser contado, e saber que existem pessoas que querem dividir comigo essas histórias, que param um momento do seu dia para poder ler e aprender, faz com que eu busque o melhor conteúdo para compartilhar, ainda que houvesse apenas um leitor, eu iria escrever para ele com toda alegria que faço hoje, afinal… somos fortes, corajosas e combatentes.