Vivo Invisivel. Morto Numeral.

foto: Marcella Saraceni

Hoje o sol está tímido, o vento frio a percorrer o corpo e o tempo parece que não sabe se é frio ou se é calor . O dia está igual a mim, confuso sem direção.

Falam que meus sentimentos são frescuras, mimimi, ou estou com a cabeça muito livre pra pensar besteira. As pessoas que falam isso estão erradas, a minha cabeça está muito cheia. Cheia de dores, cheia de situações que tento resolver e não consigo, cheia de medos, cheia de mortes, que resultam em ansiedade que me força a colocar meus monstros todos para fora de forma desordenada e inesperada que eu mesmo não controlo.

O ar me falta, a angústia me assola e meu corpo virá uma combustão de sensações que já não sei o que sentir. Dizem que muita dor anestesia, as minhas são muito sentidas.

Ser pobre e negro não facilita, receio ir a uma emergência, pois graças ao genocídio do Estado entro com falta de ar de ansiedade e saio sem ar por COVID.

Saude mental não existe pra mim preto pobre favelado, é como não tivessemos mente. Para a sociedade gente como eu está programada para o trabalho.

Eu grito, eu choro, me debato na tentativa de expressar esse vendaval de sentidos. Tento procurar a juda mas as portas estão fechadas.

Sem dinheiro, sem saúde, esperando a vida me enquadrar em mais uma estatística social. Por que vivo sou invisível e morto só sou um numeral.

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