“Vala: Corpos Negros e Sobrevidas”, espetáculo gratuito

A Cia. Sansacroma apresenta gratuitamente o espetáculo “Vala: Corpos Negros e Sobrevidas” na Fábrica Jardim São Luis, R. Antônio Ramos Rosa, 651 – Jardim São Luís, nos dias 15 e 16/08, com apresentações às 15h e 20h.

Os ingressos podem ser retirados no local, com até uma hora de antecedência ou pela bilheteria online da unidade

A peça revela a história de limpeza étnica e genocídio da população negra ao longo dos tempos, destacando também sua resiliência e capacidade de sobreviver.

Com coreografias que propõem uma imersão estética intimista, a obra explora como nossa estrutura social justificou e moldou novos valores, conceitos de urbanidade, civilidade, segurança pública e uma escancarada política de morte.

O projeto foi concebido por Gal Martins, diretora do grupo. As inspirações surgiram após uma visita aos vestígios do violento período de escravização, conservados no Cemitério dos Pretos Novos, no Rio de Janeiro.

Especialistas dizem que até 20 mil corpos –  de africanos escravizados que morreram durante a terrível viagem marítima de três meses ao Brasil – podem estar enterrados na área. “Caminhar ali é uma experiência que nos atravessa em diversas camadas. Desse movimento, surge a nossa performance para justamente destacar que fomos, sim, enterrados. E esse enterro não é só literal, mas simboliza sobretudo a tentativa de matar nossa ancestralidade, construindo a ideia do corpo oco a partir da política de violência instalada no país. Mas, apesar de tudo, estamos aqui. E, constantemente, renascemos e seguiremos renascendo”, destaca.

Em cada ato, “Vala” traz à tona o processo de objetificação e desumanização do corpo negro, provocando uma reflexão profunda sobre a estrutura racista implantada no Brasil.

A trilha sonora original foi criada por Dani Lova e Fefê Camilo. “Vale destacar que em cena, reverberando no ato dançante as nossas indignações coletivas, falamos de morte, mas, ao mesmo tempo, falamos principalmente da vida”.

Sediada no Capão Redondo, região periférica de São Paulo, a Cia. Sansacroma traz como ponto de partida as poéticas do corpo negro e a forma com este se insere na sociedade “É sempre importante trazer para o circuito cultural da cidade um trabalho que possui uma responsabilidade estética, firmando o nosso propósito, pesquisa e trazendo temáticas que, infelizmente, ainda são urgentes. É preciso falar, escancarar, regurgitar”, ressalta Gal Martins, que aqui se encarrega não só da concepção como, também, da direção artística e coreográfica. A performance e interpretação são assinadas pelos bailarinos Alma Luz Adélia, Bruno Novais, Claudiana Honório, Cristiano Saraiva, Lua Santana e Manuel Victor.

As apresentações na Fábrica Jardim São Luís  integram a circulação “PERCURSOS PRETOS: 20 anos de trajetória da Cia Sansacroma”, que prevê ainda, para o segundo semestre, outras duas ações: o “Dança na Vizinhança”, onde serão realizadas intervenções em casas de famílias do bairro do Capão Redondo, e o projeto “Retratos”, que chega na sua terceira edição, trazendo as memórias dos 20 anos da Cia no diálogo entre dança e cinema.

A ação foi contemplada pela 33ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

SOBRE A CIA SANSACROMACriada em 2002 pela artista e pensadora de dança Gal Martins, a Cia. Sansacroma tem como ponto de partida as poéticas do corpo negro e como ele está inserido na sociedade. Focaliza temas pertinentes à sociedade atual, no modo em que chegam e afetam a todos diretamente, seja no cotidiano das ruas, nas relações sociais e interpessoais, na mídia ou na própria arte. A Dança da Indignação, conceito criado pela artista, norteia a pesquisa de linguagem estética da companhia, que pretende reverberar no ato dançante as indignações coletivas, numa abordagem político-poética que aponta para as intersecções entre arte e vida.

SOBRE PERCURSOS PRETOS: 20 ANOS DE TRAJETÓRIA DA CIA. SANSACROMA

O projeto propõe ações diversas em celebração aos 20 anos de trajetória da Cia Sansacroma. O caledário comemorativo traz temporadas populares de dois espetáculos do repertório: “Sociedade dos Improdutivos” e “Vala: Corpos Negros e Sobrevidas”, além da realização do “4º Fórum de Criação Convivial: A Dança da Indignação”, da  3º edição do projeto “Retrato” e da 2ª edição do projeto “Dança na Vizinhança”, os dois últimos previstos para o segundo semestre de 2023.

FICHA TÉCNICA

Direção Artística, Direção Coreográfica e Concepção do espetáculo: Gal Martins
Coreógrafo Colaborador: Djalma Moura
Ensaiadora: Paula Salles
Intérpretes Criadores: Alma Luz Adélia, Bruno Novais, Claudiana Honório, Cristiano Saraiva, Lua Santana e Manuel Victor
Preparação Corporal: Cristiano Saraiva
Engenheiro de som e Trilha Sonora: Dani Lova
Musicista convidada – Trilha Sonora: Fefê Camilo
Figurino e Visagismo: Gil Oliveira
Co-Criador de Luz e Iluminador: Renato Lopes
Criador de Luz e Cenografia: Caio Marinho
Direção de Produção: Vanessa Soares – Movimentar Produções
Assistentes de Produção: Dani Lova, Ana Paula Almeida e Vinicius Revolti
Designer Gráfico: Bruno Marcitelli
Assessoria de Imprensa: Assessoria Bianco
Agradecimento: Fábrica de Cultura Jardim São Luís