Vai à Bienal? Se liga nas nossas dicas

Créditos: Wellington F. Mello

Já começou a 19° edição da Bienal Internacional do livro, no Rio de Janeiro. De hoje até o dia 08 de setembro, mais de 300 autores estarão no local, junto com os 5,5 milhões de livros a venda. Nesse sentido, não podemos deixar de tratar da literatura de favela. Seja em poesia ou em prosa(texto que não esteja em versos), ela contam a vida no subúrbio e expressa a realidade de seus moradores.

Esse ano, o evento vem com uma proposta que vai de encontro a essa temática. Assim, nós, da Agência de Notícias das Favelas (ANF), estamos fazendo a cobertura desse acontecimento e, junto a isso, fazendo um levantamento das obras mais relevantes dentro dessa editoria.

  • Efetivo Variável – Jessé Andarilho. 

Cria da favela de Antares, em Santa Cruz, escreveu o livro no trem. A trama se desenvolve abordando a vida de um recruta, morador do mesmo lugar que o autor, que está à força no quartel e que acaba se apaixonando pela filha do Sargento da sua base. Jessé é apaixonado pela escrita e fala para o seu povo. Usa a ordem direta nos textos, termos e expressões populares e, para colocar a cereja no bolo, vê a escrita como uma conversa. Para mais informações, tanto do criador quanto de suas obras, ele foi capa do nosso jornal “A Voz das Favelas” de agosto. Procure o distribuidor mais próximo e aproveite!

  • “O Livreiro do alemão” e “Da minha janela” – Otávio Júnior.

Um clássico. Idealizador do projeto “Ler é 10”, Otávio teve seu primeiro contato com a leitura ainda na infância, aos oito anos. Ao pegar um livro do chão, o levou para casa, o leu e se aprofundou nesse universos, chegando a ser escritor. Assim, eis o enredo de “O livreiro do Alemão”. A principal mensagem que podemos captar da obra é o poder da transformador da literatura de mudar realidades.

Com isso, o autor atualmente se dedica as crianças e lança agr na 19° da Bienal “Da minha janela”. Embora seja um livro infantil, deveria ser leitura obrigatória para todo ser humano. Trata-se de como o olhar de uma criança é puro, ingênuo e pode ter uma visão tão lírica de um fato, que às vezes a maioria das pessoas não consegue ter. Em tempos em que o medo assola a sociedade e o ódio está numa crescente, é sempre bom refletir e meditar por meio de obras como esta.

  • Perseguidos – Gerson Moreira

A história se passa em São João de Meriti. Em três lugares diferentes, os personagens recebem uma mensagem informando-os que algo ruim aconteceu. Eles largam o que estavam fazendo e ao se encontrarem, são abordados pela polícia, que os trata mal, ameaça e faz uma proposta, coagindo-os à aceitarem. O fator identificação pesa na hora de ler a história, pois esta se repete, infelizmente, quase sempre pelas ruas do país. Quando o assunto envolve as forças de segurança, os mais prejudicados sem são os mais pobres. Estes, que sempre sofrem com o preconceito e o racismo da sociedade.

 

  •  Escravidão – Laurentino Gomes.

O autor lança, depois escrever sobre o Brasil Império, o primeiro volume de uma trilogia falando sobre escravidão. Embora não tenha sido produzido por quem vive em comunidade, é um livro bastante válido para quem se interessa pela favela, até pela questão da ancestralidade Já dizia Sandra de Sá que todo brasileiro tem sangue criolo, então embarcar numa viagem pelo tempo a fim de entender sobre nossos passado, é mais do que necessário. O samba campeão da Estação Primeira de Mangueira esse ano diz que não  devemos querer um país que não está no retrato, ou seja, na foto ou que o home branco diz.

Como falamos no início, estamos sabendo a cobertura do evento para lhe mostrar o que há de melhor. Por hora, fazemos algumas indicações de livros, mas os expositores estão cheios de obras tão interessante quanto. Ao passar dos dias, estaremos mostrando o protagonismo da favela dentro desse espaço tão rico culturalmente.