Uma viagem a Coréia do Oeste

Estação de Senador Camará. Créditos: Reprodução da internet

Ontem fui em outro país, bem longe, chamado Coréia, não sei se é do Sul ou se é do Norte, só sei que chamam de Coréia. Fui visitar um grande amigo meu, o Johnny B. Goode, famoso por aquelas bandas, sua casa fica bem ali, entre uma boca e outra, e estava rolando uma tal de sexta-cheira, fiquei curioso pra saber o que era aquilo, e antes de encontrar meu amigo, fui ver do que se tratava a tal sexta-cheira. Quando me aproximei dos garotos, vi alguns pratos com um pó meio estranho por cima, algumas pessoas armadas, então logo pensei, bom, mesmo estando na Zona Oeste, essa deve ser a Coréia do Norte, mas não pareciam ser comunistas, o mercado era livre, não tinha regulamentação do estado, deve ser uma nova Coréia. O prato cheio de pó misterioso, ficava por cima de uma bancada, os coreanos diziam que na compra de qualquer pó daqueles, que vinham em saquinhos, você tinha direito a dar uma narigada naquilo ali, achei estranho, estava mais cheio que o mercado da Rede Market na outra esquina, parece que esse pó vende mais que leite em pó, fermento, farinha láctea. Uma coisa que achei engraçada, é que eu estava no último vagão do trem sentido Santa Cruz, o trem estava tão cheio que parecia uma sardinha enlatada, o curioso é que metade daquelas pessoas que estavam se espremendo dentro do trem, desceram todas na tal Coréia, ali na estação de Camará, não sei, primeiro pensei que se tratavam de pessoas voltando do trabalho, mas na mesma velocidade em que desciam do trem, elas voltavam, como minha visita foi rápida, eu vi as mesmas caras quando estava indo e voltando dentro do vagão, no mínimo curioso, o trem chega e sai lotado da Coréia. Assim que encontrei Johnny B. Goode, dei um abraço, cumprimentei, elogiei seu perfume, tinha acabado de chegar do Paraguai, falou que parte da sua bagagem, algumas poucas coisas ficaram retidas ali na Dutra pela PRF, problema com a documentação, nem tudo passa quando vem do Paraguai, aquela burocracia que a gente conhece. Johnny é sempre um bom camarada, sempre que posso, vou visitá-lo, mas era hora de voltar, a sexta-cheira estava só começando e Johnny precisava trabalhar porque era dia de baile, show do Delacruz, assim voltei pro Brasil e deixei a Coréia. Como pode? Lugares tão diferentes, lá eu não vi policiamento mas parecia bem seguro, pois estavam todos armados como defende um tal candidato a presidência da república, acho que lá, essa ideia de armar a população é antiga, o livre mercado funciona sem intervenção do estado e polícia não é necessário, só passa as 00:00 pra arrecadação de impostos mas logo se vai e a festa continua. Ah, Johnny me deu um perfume de presente, as pessoas costumam me perguntar onde comprei, pois o cheiro está sempre bom, eu falo que viajo até longe mas eu não compro, Johnny sempre traz pra mim, perfume do Paraguai, mas que você só encontra nas Coréias do Rio de Janeiro, é o mercado internacional, o produto interno bruto dos Estados cariocas independentes.