Uma semana sangrenta

Há muito tempo, a cidade do Rio de Janeiro não passava por uma sequência de tragédias como a semana passada. Um temporal caiu do céu, como se anunciasse as dezenas de morte que ocorreram só nas últimas 72 horas. Mais uma vez o prefeito Crivella culpa a natureza, pelos estragos da chuva. Sim, é verdade que a chuva que transtornou toda a cidade, principalmente a zona sul, foi numa quantidade absurda. Choveu mais que o dobro naquela noite que o esperado para o mês de fevereiro. Porém a falta de mobilização da prefeitura em organizar grupos de apoio e resgate, e a falta de alertas para os moradores das regiões afetadas, principalmente nas favelas do Vidigal e Rocinha, nos mostram que apesar de governar a cidade há mais de dois anos, o prefeito ainda não sabe como governar uma cidade grande e importante como o Rio de Janeiro. 48 horas antes da chegada do temporal na cidade, uma tempestade causou muitos transtornos na chamada Costa Verde. Angra do Reis e Paraty sofreram com as chuvas que se encaminhavam para a região metropolitana da capital fluminense. Porque a prefeitura não deu o alerta com antecedência? E o mais patético disso tudo é que dias antes o prefeito fez um vídeo passeando de rolo compressor num trecho da Ciclovia Tim Maia, onde aparece dizendo que a ciclovia não corria mais riscos de desabamento. Exatamente o trecho que desabou no temporal de quarta feira.

Na mesma hora do temporal, a Morro da Coroa em Santa Teresa, foi invadido por uma quadrilha rival para controlar a venda de drogas no local. Mesmo embaixo de muita chuva, traficantes trocaram tiros a noite toda e pela quinta feira também. Na sexta o BOPE e o Choque da PM subiram os morros do Fallet, Fogueteiro e Prazeres. atrás dos traficantes. Uma denúncia anônima os levou à uma casa que os traficantes estavam escondidos no Fallet. A polícia matou todos os que estavam na casa. 10 pessoas.

No Morro dos Prazeres a PM matou mais 3 e prendeu outros 3.

Alguém duvida que depois das declarações do governador do estado do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que afirmou que ia autorizar a polícia “abater” bandidos que estivessem armados de fuzis e que era pra atirar “só na cabecinha” e a polêmica proposta do ministro da justiça Sérgio Moro, que desobriga policiais a responderem processo por morte em troca de tiros tenha sido a senha para a polícia que mais mata no mundo e continuar praticando seu genocídio particular?

Eu tenho certeza!

PS: Queria externar todo minha tristeza e solidariedade às famílias do jovens atletas que morreram num incêndio no centro de treinamentos do Flamengo.