Um rio de sangue

Créditos - Ricardo Moraes

Desde os primeiros dias de 2019, parece que o estado do Rio de Janeiro foi atingido por uma maldição. Não lembro de um começo de ano tão trágico. Mortes por deslizamentos, incêndio em Centro de Treinamento de clube, enchentes atrás de enchentes e claro não podemos esquecer das nossas piores pragas. O governador Witzel e o prefeito Crivella. Há cinco meses no cargo, o governador ainda não mostrou a que veio.  Sua obsessão em matar vem se refletindo na sua polícia, que já bate recordes em números de mortes em confrontos e em execuções sumárias. Mortes misteriosas como a de um jovem pedreiro na Favela de Manguinhos, cuja suspeita seria a ação de um atirador de elite (sniper) tem ocorrido sistematicamente em diversas comunidades. Ataques aéreos no estilo guerra do Vietnã, se tornaram frequentes nas favelas onde existe tráfico. Tráfico porque nas favelas dominadas pelas milícias, esses ataques não acontecem.

Desde que se filmou num vídeo de dentro de um helicóptero da polícia civil, onde aparece um policial atirando em direção a uma comunidade em Angra dos Reis, o governador já foi denunciado 3 vezes por uma “crimes contra a humanidade, pena de morte e tortura”, pela Comissão de Direitos Humanos da ALERJ à ONU (Organização das Nações Unidas) e OEA (Organização dos Estados Americanos).

Desde o século XX a polícia fluminense não matava tanto. Foram 434 óbitos só no primeiro trimestre do governo Witzel.

Semana passada mais duas mortes trágicas aconteceram em favelas cariocas. O professor Jean Rodrigo da Silva, que dava aulas de jiu-jítsu em um projeto social no Complexo do Alemão foi morto com um tiro na cabeça na terça-feira passada. Populares afirmam que foram os policiais que chegaram atirando. Jean que se preparava para disputar um torneio internacional, teve o seu sonho interrompido por uma “bala perdida”.

Na Vila Aliança outra tragédia, em mais uma operação policial irresponsável, a PM matou um moto-taxista e o menino Kauã de 11 anos que brincava na rua com um tiro na cabeça.

Como dizia a saudosa vereadora Marielle Franco: “Quantos mais tem que morrer, pra essa guerra acabar?”