Um desgoverno alinhado aos latifúndios e à desigualdade social

Agricultura familiar é três vezes menos valorizada do que agronegócio no governo Bolsonaro - Foto: José Cruz/ Agência Brasil

Agronegócio, desmatamento e fortalecimento da polícia militar não são somente políticas neoliberais e promotoras do avanço do fascismo em nosso país, são também articulações engenhosas entre a bancada da bala e a bancada do boi. O envio de tropas militarizadas para áreas de proteção ambiental, assentamentos e campos produtivos enfraquece a proteção ambiental, agricultura familiar e o combate às desigualdades sociais. O nível de inter-relação entre elas, suas coordenações e eficiência mostram o quanto as políticas ambientais desse governo estão alinhadas à consolidação dos latifúndios e por sua vez das grandes fortunas.

Ao permitir o ataque aos pequenos produtores agrícolas e às reservas ambientais, quilombolas e indígenas, esse governo fortalece a hiperconcentração de terras, a monocultura e produção voltada para exportação e não para a alimentação local. Em outras palavras, usamos o uso legítimo da força pelo Estado para garantir a exploração estrangeira de nossas terras e a manutenção do controle dos latifundiários sobre suas regiões ao mesmo tempo que desmoralizamos e atacamos os movimentos socais do campo.

A realidade dos grandes latifúndios é a lógica de exploração capitalista nas suas piores facetas, salários baixíssimos e lucros altíssimos, a lógica de Jair Bolsonaro: poucas famílias com grandes fortunas e bilhões de famílias na miséria. A operação Verde Brasil 2, instaurada pelo presidente em julho deste ano, conta com 3.815 militares, 110 veículos terrestres, 20 embarcações e 12 aeronaves.

Tudo isso terá o custo de 60 milhões de reais, esse valor é pelo menos três vezes maior que o investimento em pequenos agricultores durante a pandemia. Mais uma vez esse desgoverno escolhe as armas ao invés das pessoas, escolhe a morte diante da vida, escolhe a militarização ao invés da democracia. Nossas matas e nossa população continuam gritando por socorro.