UM ANO DE INVASÃO POLICIAL E NENHUM PROJETO SOCIAL

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 Foto:  André Fernandes

Vai completar um ano de invasão militar no Jacarezinho. Sorridente o comandante exclamou: – Temos no Jacarezinho cerca de 550 policiais. Como se isso fosse uma grande vantagem para os moradores. O governo se preocupou com a “segurança”, mas acabou promovendo violência contra educação, saúde e esporte. Ao andar no Jacarezinho, observa-se crianças e adolescentes nas ruas diuturnamente. Desocupadas, soltas, sem nada de bom para fazer.

É uma ociosidade perigosa, além de  inoportuna. Esta é pronta à criação de novos agentes para os conflitos sociais latentes. O sistema sabe muito bem disto, mas nada faz para impedir sua continuidade. Tem-se uma ligeira impressão de que gosta deste status quo social. Afinal, este clima conflitante justifica seus investimentos com armas e outros insumos na área de segurança. Novos oficiais para manutenção da classe média e mais policiais, a fim de causar a tal sensação de segurança na cidade.

Em um discurso no Fórum Nacional de Desenvolvimento promovido pelo BNDES em maio deste ano, o Vice-Governador também sorridente declarou que as UPPs são maravilhas que se adaptaram muito bem dentro das favelas do Rio de Janeiro. E mais, os policiais são preparadíssimos para lidar com o povo favelado. Estes passam por um processo rigoroso e se destacam como exemplos de um novo procedimento da polícia nas favelas. Isso me fez lembrar uma passagem Bíblica no período do Pão e Circo na arena, onde os cristãos eram jogados às feras para serem devorados. A platéia se deliciava com o martírio daqueles “infelizes”. Os algozes que abriam os portões para a entrada dos cristãos diziam: “vejam como eles se amam” isto porque mesmo sabendo que iam morrer seguiam sorrindo certo de sua ressurreição. Nas favelas os sorrisos também existem porque têm a esperança de que um dia isto irá mudar.

A grande realidade é que tanto os velhos quantos os novos policiais, são todos farinha do mesmo saco pobre da história do autoritarismo do Brasil colônia. Estes continuam produzindo os desaparecimentos dos Amarildos da Rocinha e de Alielsons do Jacarezinho. A única diferença destes dois símbolos é que do Amarildo nem restos mortais apareceram até o momento, e o Alielson a família conseguiu sepultar.

A pergunta que todos os moradores do Jacarezinho fazem aos fascistas deste governo é: “Depois de um ano de invasões policiais, quando acontecerão as invasões dos projetos sociais”?